Amazônia – entre a crise ambiental e o neoextrativismo

De um lado o ambientalismo sufraga a urgência de um “novo modelo”, do outro a dura crueza do balanço de pagamentos e da geração de divisas impõem a expansão do velho modelo primário-exportador

Por José Raimundo Trindade, em A Terra é Redonda

O capitalismo constitui uma forma econômica de acumulação em escala espacial crescente, sendo que a Amazônia constitui um espaço de fronteira de exploração capitalista, um território de expansão central a expansão capitalista brasileira no século XXI, uma reserva neoextrativista de recursos naturais, com efeitos em sua ocupação, espaço, uso rentista da terra, valor, relações de trabalho e destruição socioambiental, pois o desenvolvimento econômico capitalista não se expressa por uma relação de ganhos universais, ao contrário, o capitalismo expressa a apropriação violenta e desregrada do planeta. (mais…)

Ler Mais

Da lama ao caos para organizar outro futuro

O músico pernambucano Chico Science nasceu neste dia em 1966. Um dos criadores do movimento manguebeat, ele conectou a “favela global” através da música, unindo a distopia cyberpunk ao terceiro-mundismo para imaginar alternativas à ordem capitalista.

Gercyane Oliveira*, na Jacobin

Francisco de Assis França, mais conhecido Chico Science, nasceu no dia 13 de março de 1966 em Olinda, Pernambuco. Quando o garoto Francisco nasceu, sua mãe, dona Rita, carregou o menino nos braços em um passeio de barco a caminho de casa. Havia táxis em frente à maternidade, mas ela preferiu – por “intuição divina”, dizia – levar o menino pelo rio. Naqueles primeiros dias de existência, começou uma relação do futuro Chico Science com os manguezais. (mais…)

Ler Mais

Amazônia brasileira, papai noel e COP 30. Por Nilma Bentes

Nossa! A exemplo do que alguém já disse: “Nunca me apresentaram para o Senhor MERCADO”. Quem é mesmo ele?

Alguém que fala em ´decolonial´ no Brasil, já escreveu que o colonialismo oficialmente terminou em 1822 e o escravismo só acabou (oficialmente) em 1888? Como ´nominar´ os rastros dos 66 anos de escravismo império/monárquico no Brasil? Pós colonização? Pós colonialismo? Quem inventou que o racismo ´nasceu´ com a primeira revolução industrial? Em observando que o colonialismo no Brasil começa (oficialmente) no sec. XVI, é possível imaginar que o racismo começa antes dessa época, quando os brancos da Europa (que uns chamam de península da Ásia), se sentem superiores, civilizadores. Com a Espada e Cruz ´civilizam´! Colonizam! (mais…)

Ler Mais

2024, o ano em que viveremos perigosamente. Por Valerio Arcary

Não digas que é impossível, se ainda não tentaste.
Não há ventos favoráveis para quem não sabe para onde ir.
Não há mão que agarre o tempo (Provérbios populares portugueses)

Em Terapia Política

Quando, em 2008, o sistema financeiro nos EUA e nos países centrais esteve ameaçado de falência, seriamente, pela primeira vez desde 1929, ficaram expostos os limites do capitalismo. Mas nunca existiram crises econômicas sem saída para o capitalismo. Quinze anos depois, sabemos mais. A superação de crises econômicas nunca foi, evidentemente, indolor. Exigiu destruição massiva de capitais, um aumento do patamar de exploração da força de trabalho, uma intensificação da concorrência entre monopólios e da rivalidade entre Estados. (mais…)

Ler Mais

Como a Big Pharma destrói a Saúde Global

Em novo livro, ativista explora de que maneira as grandes farmacêuticas conquistaram o poder que hoje têm. O papel da propriedade intelectual e a negligência com doenças pouco lucrativas. Mas erra ao subestimar influência das corporações nos governos do Norte Global

por John Clarke, do Counterfire, em Outra Saúde*

Com Pharmanomics: How Big Pharma Destroys Global Health [Tradução literal: “Farmacoeconomia: como a Big Pharma destrói a saúde global”, 2023, sem tradução no Brasil], Nick Dearden oferece um relato fascinante da evolução da Grande Indústria Farmacêutica para um monstro ávido por lucro que destrói um componente importante dos sistemas de saúde do mundo. No entanto, quando se trata das conclusões políticas que ele tira, suas esperanças de que esse leopardo possa mudar suas manchas e servir de maneira mais racional às necessidades globais de saúde não convencem aqueles que adotam uma visão mais radical da transformação social. (mais…)

Ler Mais

A “Economia da Atenção” e a captura da vida. Por Ladislau Dowbor

Há muito as corporações mercantilizam o tempo humano, imiscuindo-se em cada ato diante das telas. Há aí um sequestro: a energia psíquica para refletir sobre o mundo dissolve-se em infinitos chamarizes ao consumo obsessivo e à dispersão

Tradução: Antonio Martins1, em Outras Palavras

A “indústria” da atenção tornou-se uma força estruturante central
na economia mas é, em maior escala, um elemento essencial
de como usamos nosso tempo, constrímos nossos valores,
organizamos nossas vidas. Livros e textos precisam ser comprados,
enquanto a informação presente é virtual,
penetra em cada momento de nossas vidas,
por meio de todas as telas, e é manejada em escala global
por muito poucas mãos. Até onde isso irá?
Ladislau Dowbor, 2023

A mercadoria realmente escassa é a atenção do ser humano
Executivo-chefe da Microsoft, 2016

O controle difunde-se por meio das economias da atenção,
das mídias de massa e das “indústrias” de influência baseadas
em métodos psicologicos de modificação de comportamentos
Hazel Henderson, 20192 (mais…)

Ler Mais

O que Taylor Swift tem a ver com a exploração de petróleo. Por Eliane Brum

A desconexão mental após a possível morte por calor extremo no show da artista mostra que vamos esperar a casa queimar sem fazer nada para nos salvar

Em SUMAÚMA

A morte de Ana Clara Benevides no show de Taylor Swift escancarou a alienação coletiva que está nos levando a dias cada vez piores. A estudante de psicologia partiu de Rondonópolis, na Amazônia brasileira, para realizar o sonho de ver a artista ao vivo no show de 17 de novembro, no Rio de Janeiro. Ana só viu a primeira música do show. Na segunda desmaiou, logo estaria morta, possivelmente pelo calor extremo. Naquela noite, a sensação térmica no estádio beirava os 60 graus Celsius, na oitava onda de calor do ano no Brasil. Se é aterrador uma jovem mulher morrer de calor num show noturno, é igualmente aterradora a reação de autoridades, do público e de parte da imprensa. Revela uma desconexão perigosa com a realidade. (mais…)

Ler Mais