Ailton Krenak: ‘Nós não podemos ser uma máquina de fazer coisas’

Pensador indígena critica lógica produtivista e alerta para consequências de mundo guiado pela ‘ideologia do progresso’

Por Adele Robichez e Lucas Salum, Brasil de Fato

O líder indígena, escritor e imortal da Academia Brasileira de Letras Ailton Krenak faz críticas ao modo como o conceito de progresso tem sido tratado no Brasil e no mundo. Em conversa com o BdF Entrevista, da Rádio Brasil de Fato, ele aponta que a crença generalizada de que a ciência e a tecnologia vão resolver os problemas criados pelo próprio modelo de desenvolvimento é uma armadilha perigosa. (mais…)

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Minha geração cometeu um erro ingênuo. Por José Mujica

O falecido militante histórico uruguaio José “Pepe” Mujica argumenta que o capitalismo não se resume apenas as relações de propriedade, mas um conjunto de valores culturais que a esquerda deve confrontar com uma cultura de solidariedade.

Na Jacobin

Minha geração cometeu um erro ingênuo. Acreditávamos que a mudança social era apenas uma questão: desafiar os modos de produção e distribuição na sociedade. Não entendíamos o imenso papel da cultura. O capitalismo é uma cultura e devemos responder e resistir a ele com uma cultura diferente. Em outras palavras: estamos em uma luta entre uma cultura de solidariedade e uma cultura de egoísmo. (mais…)

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O socialismo é uma doutrina triunfante

O sociólogo e crítico literário Antônio Candido faleceu neste dia em 2017. Para homenageá-lo, resgatamos a histórica entrevista concedida à Joana Tavares em 2012, onde ele esboça como férias, jornadas de trabalho, ensino público e outros direitos que normalizamos hoje são, na verdade, conquistas do socialismo.

Por Antonio Candido e Joana Tavares, Jacobin

Crítico literário, professor, sociólogo, militante. Um adjetivo sozinho não consegue definir a importância de Antonio Candido para o Brasil. Considerado um dos principais intelectuais do país, ele mantém a postura socialista, a cordialidade, a elegância, o senso de humor, o otimismo. Antes de começar a entrevista, ele disse que viveu praticamente todo o conturbado século XX. E participou ativamente dele, escrevendo, debatendo, indo a manifestações, ajudando a dar lucidez, clareza e humanidade a toda uma geração de alunos, militantes sociais, leitores e escritores. (mais…)

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Era uma vez no Ocidente. Por Luiz Marques

Este é o século do absurdo, da necropolítica, de jovens infelizes e a da busca (desesperada) por um sentido que o capitalismo roubou

Em A Terra é Redonda

Para um antigo hebreu, a pergunta “Você acredita em Deus” equivalia à indagação “Você tem fé em Jeová?” Não indicava um problema intelectual, mas uma equação relacional. Os pré-modernos não se sentiam interpelados pela dúvida sobre a existência da divindade, diferente dos modernos em um período em que a vida nunca valeu tão pouco. O século XX, por expelir lavas de extermínio aos borbotões e contabilizar milhões de óbitos desnecessários, foi um matadouro em escala industrial. (mais…)

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Papa Francisco – contra a idolatria do capital. Por Michae Löwy

As próximas semanas decidirão se Jorge Bergoglio foi apenas um parêntesis ou se abriu um novo capítulo na longa história do catolicismo

Em A Terra é Redonda

A morte de Jorge Bergoglio, o Papa Francisco, marca o fim de uma figura pouco comum, que se destacou, numa Itália governada por neofascistas e numa Europa cada vez mais reacionária, por um engajamento ético, social e ecológico surpreendente. (mais…)

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Antes de ser papa Francisco, Bergoglio chamou Igreja à luta contra capitalismo predatório

Avesso ao luxo, religioso via compromisso com questões sociais como consequência direta da fé cristã, dizem teólogos

Por Leandro Aguiar | Edição: Mariama Correia, Agência Pública

O “papa Francisco”, primeiro sul-americano da história a ocupar o cargo, tinha uma posição clara sobre as causas e as formas de combater a injustiça social e a crise climática que toma conta do mundo. Para ele, “a desigualdade social e a degradação ambiental andam de mãos dadas e têm a mesma raiz: a do pecado de querer possuir e dominar os irmãos e irmãs e a natureza”. E as soluções passam por políticas públicas conduzidas pelo Estado e pelo engajamento dos religiosos na atenção não apenas aos problemas espirituais, mas também às agruras materiais dos mais pobres. (mais…)

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Perry Anderson: O neoliberalismo, esse zumbi

Desde a crise de 2008, sistema nega a si mesmo e adota parte do que propugnam seus adversários – apenas para conservar-se vivo e manter sua essência. A causa crucial é falta de uma alternativa. Mas a História, às vezes, preenche esta lacuna…

Por Perry Anderson, na London Review of Books | Tradução: Antonio Martins, em Outras Palavras

Passado um quarto deste século, “mudança de regime” tornou-se uma expressão canônica. Significa a derrubada em todo o mundo — normalmente, mas não apenas, pelos Estados Unidos — de governos que não são do agrado do Ocidente; empregando-se, para esse propósito, força militar, bloqueio econômico, erosão ideológica ou uma combinação de tudo isso. No entanto, originalmente o termo significava algo bem diferente: uma mudança generalizada no próprio Ocidente. Não a transformação súbita de um Estado-nação pela violência externa, mas a instalação gradual de uma nova ordem internacional em tempo de paz. (mais…)

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