Notas sobre o desenvolvimento das gigantes dos medicamentos. Sua hegemonia é pilar da afirmação da unipolaridade neoliberal e sua projeção é fruto de imenso aparato de apoio estatal e lobby que coloca acionistas acima da saúde coletiva
por Reinaldo Guimarães, Outra Saúde
1. As relações primordiais entre a Farma norte-americana, suas guerras e o Estado
Tanto o apoio estatal quanto as guerras que o país enfrentou ajudaram no nascimento da indústria farmacêutica nos EUA. A Pfizer foi fundada em 1849 por dois químicos imigrantes alemães e seu negócio expandiu-se rapidamente durante a Guerra Civil. Outro personagem histórico foi o coronel Eli Lilly que serviu na mesma guerra e após seu término, em 1876, abriu a empresa farmacêutica que, até hoje, leva seu nome. Outro militar na história da indústria farmacêutica nos EUA foi Edward Squibb, que foi médico naval durante a guerra mexicano-americana, fundou sua empresa em 1858 e também colaborou na Guerra Civil. No século XX, ao final da Primeira Guerra Mundial, a Bayer (alemã) teve a marca registrada da aspirina e seus ativos apreendidos nos EUA, enquanto a Merck foi compulsoriamente separada de sua matriz, também alemã. Durante a 2ª Guerra Mundial, aquela que foi, talvez, a descoberta farmacêutica de maior impacto na história, a penicilina, teve sua produção industrial integralmente comprada pelo governo norte-americano por ocasião da entrada dos EUA na guerra. A produção industrial foi realizada por várias empresas, incluindo Merck, Pfizer e Squibb. (mais…)