“Quem tá na rua nunca tá perdido”

Depressão e desemprego o empurraram para as calçadas de SP. Viveu o “regime penitenciário” de albergues. A violência policial. Chamado de “encrenqueiro” por recusar assistencialismo, hoje Edvaldo Souza é liderança da população de rua

Por Rôney Rodrigues, em Outras Palavras

Não existe poprua perdido, bravateia Edvaldo Gonçalves de Souza, 49 anos, enquanto tenta encontrar, em uma cidade que não conhece, caminhando por paisagens que nunca vira, a direção do bar mais próximo. As ruas de Cidreiras, no Rio Grande do Sul, não dizem nada e ele também não se esforça em pedir informações aos poucos moradores que se assomam na varanda para tomar mate: só vemos casas e mais casas de veraneio. Mas Edvaldo tem, ou acredita ter, um sexto sentido de quem bateu muita perna por várias cidades ou grotões brasileiros, seja para trabalhar, para descolar um prato de arroz-com-feijão ou só de viração mesmo. Nesse momento, tanto ele quanto eu só queremos espantar o cansaço das mais de 24 horas de confinamento em um ônibus interestadual, vindo de São Paulo para o 4º Congresso Nacional da População em Situação de Rua – realizado nos em maio de 2018 — e tomar uma caninha em paz.

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Municipalismo, alternativa à crise da representação?

Buscar a experiência coletiva no espaço da cidade. Libertar a vida dos códigos capitalistas, sem cair na armadilha do isolamento pessoal. Como a luta nos territórios, onde a relação de forças tem a concretude dos corpos, pode criar nova política

por Renan Porto, em Outras Palavras

O Anti-Édipo, livro de Gilles Deleuze e Félix Guattari, tem uma sacada muito interessante sobre três tipos de formação social e suas superfícies de registro: a sociedade primitiva em que tudo se inscreve na terra, o corpo se registra nela e a ela tudo conduz; a sociedade despótica em que tudo se inscreve no corpo do déspota, a ele tudo pertence e ele exige tudo para si como de direito; e a sociedade capitalista em que tudo se inscreve no corpo desterritorializado e fluido do capital, toda a vida se orienta a ele, se organiza para ele e com ele, fora dele quase não há vida, ele codifica o desejo, talha o corpo aos seus moldes, ao ponto de fazer coincidir a noção de liberdade com sua própria reprodução.

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“Construímos cidades para que as pessoas invistam, não para que vivam”. Entrevista com David Harvey

IHU On-Line

David Harvey é, sem dúvida, o geógrafo do capitalismo. Claro, é marxista. Nascido em Gillingham, Inglaterra, em 1935, foi professor de universidades como a Johns HopkinsOxford e, na atualidade, a City University of New York. Não era, recorda com um sorriso, um jovem radical. Começou a ler  Marx aos 35 para poder interpretar melhor o que estudava como geógrafo. Livros como Os limites do capital, de 1982, foram um guia para entender as turbulentas paisagens do capitalismo moderno e mostraram que a análise da dinâmica da urbanização permitia compreender o que acontecia na complexa macroeconomia.

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Em novo ataque aos movimentos por moradia, Justiça decreta a prisão de 9 lideranças em São Paulo

Juiza diz que as lideranças cometeram crimes de extrema gravidade. Déficit habitacional na capital é de 358 mil casas

Por Juca Guimarães, no Brasil de Fato

A Justiça decretou na última terça-feira, 6, a prisão de outras nove lideranças de movimentos populares por moradia digna na cidade de São Paulo com base em investigações feitas pelo Ministério Público Estadual – no dia 24 de junho, quatro pessoas já haviam sido presas sob a acusação de extorsão por conta de cobrança de taxas dos moradores de ocupações. 

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Estelita: MPF na 5ª Região entra com novos recursos para impedir prosseguimento de obras do projeto Novo Recife

Intenção é reverter decisão que negou seguimento do recurso no STF

Procuradoria Regional da República da 5.ª Região

O Ministério Público Federal (MPF) na 5ª Região contestou a decisão do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5) que negou seguimento ao Recurso Extraordinário, apresentado pelo MPF com o objetivo de impedir as obras do projeto Novo Recife, no Cais José Estelita, no Recife. A intenção do MPF era que o recurso fosse admitido pelo desembargador federal Rubens Canuto, vice-presidente do TRF5, para ser encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), o que não ocorreu.

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“O capital financeiro é determinante na formação do déficit habitacional”. Entrevista especial com Karina Macedo Fernandes

Por: João Vitor Santos, em IHU On-Line

Apesar de o direito à moradia digna estar assegurado na Constituição Federal brasileira, “atualmente o Brasil enfrenta um déficit habitacional de mais de 6,2 milhões de moradias”, diz Karina Macedo Fernandes na entrevista a seguir, concedida por e-mail para a IHU On-Line. “Das regiões do Brasil, o déficit habitacional mais crítico se encontra na região  Sudeste (2.562.117 domicílios), seguindo-se Nordeste (1.867.563 domicílios), Sul (658.360 domicílios), Norte (631.586 domicílios) e Centro-Oeste (478.668 domicílios)”, informa.

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A cidade tem de ser para todos

por Elaine Tavares, em Palavras Insurgentes

Quem em sã consciência gosta de pobreza? Ninguém. Cada ser humano no mundo só tem uma proposição: viver a vida em alegria, sendo amado e saciado. Ademais, a pobreza não é uma coisa natural, que acontece na vida por obra de deus ou do destino. Não. A pobreza é coisa construída historicamente. Ela acontece quando algumas pessoas, pelo uso da força, da mentira ou da persuasão, se apropriam da vida do outro, relegando-o a uma existência sem fartura. No caso da pobreza do nosso tempo, ela é fruto da forma como se organiza a vida no modo capitalista de produção. 

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