Fim da escala 6×1: Uma luta também antirracista

Vítimas da precarização, trabalhadores negros seriam os mais beneficiados com a redução da jornada. Também seria possível combater outra desigualdade racial: a “pobreza de tempo”, que impacta na saúde mental e acesso à educação, alimentando um ciclo vicioso de exclusão

Por Taís Dias de Moraes, em Outras Palavras

Introdução

Desde a abolição da escravidão, a população negra (pretos e pardos) permanece em posições de desvantagem estrutural no mercado de trabalho brasileiro, resultado de um racismo que se mantém como traço central da sociedade e se manifesta na persistente desigualdade de oportunidades e condições (De Moraes, 2025). O Estado brasileiro teve papel decisivo nesse processo, seja por meio da exclusão da população negra das principais proteções sociais na Consolidação das Leis do Trabalho de 1943, seja pela negligência da questão racial durante a consolidação do mercado de trabalho e mesmo após a Constituição de 1988 (De Moraes, 2025). (mais…)

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Escala 6×1, herança de um país escravista

A realidade brasileira da exploração extrema não se limita ao passado. População negra é quem mais sofre com excesso de jornada, abandono escolar, acidentes, adoecimento e desmotivação. A alta informalidade segue como uma face ainda mais perversa

Por Carlos Alberto de Oliveira, em Outras Palavras

Introdução

O presente artigo busca explorar a complexa relação entre a herança histórica da escravidão no Brasil, a jornada de trabalho do negro, o fim da jornada 6xl e a redução da jornada de trabalho. (mais…)

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Cartografia aborda violações em territórios populares do Rio de Janeiro

Nathalia Mendonça, na AFN

Mapear dados e narrativas das periferias é uma estratégia encontrada por diversos grupos sociais para construção de diagnósticos, produção de memória e para valorização de culturas. Com o objetivo de denunciar violações de direitos e fortalecer espaços de resistência, o projeto Rede de Defensores de Direitos Humanos do Estado do Rio de Janeiro, coordenado pela Cooperação Social da Fiocruz, lançou a cartografia Saúde e Defesa de Direitos, sobre os territórios populares do Rio de Janeiro. A cartografia está disponível gratuitamente. (mais…)

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Saúde mental no trabalho: não basta o mindfulness

Governo Federal definiu que empregadores devem promover bem-estar psíquico. Mas sem a participação dos trabalhadores, medidas não passarão de “ofurô corporativo”. Terapia online e salas de descompressão não transformam condições de trabalho adoecedoras

Por Carolina de Moura Grando, Ejivaldo do Espírito Santo, Elionara de Souza Ribeiro, Gabriel Diogo Martins e Ingridy Pereira da Silva, da Equipe de Saúde do Trabalhador do Sindsep-SP, em Outra Saúde

A atualização da Norma Regulamentadora 01 (NR-1), que entra em vigor em 25 de maio de 2026, inclui os riscos psicossociais como responsabilidade das empresas na gestão de riscos. Apesar da oportunidade apresentada pela atualização em um momento no qual os transtornos mentais são a principal causa de afastamentos do trabalho, autores, profissionais e sindicalistas do campo da Saúde do Trabalhador têm demonstrado preocupações sobre sua implementação. (mais…)

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Cozinheiras escolares revelam desafios e sobrecarga na tarefa diária de alimentar estudantes de todo o Brasil

Número de cozinheiras é insuficiente segundo 7 em cada 10 profissionais, 80% apontam a temperatura nas cozinhas como principal problema de infraestrutura e 26% já precisou se afastar por acidentes de trabalho.

Yuri Simeon, do Observatório da Alimentação Escolar (ÓAÊ), no MAB

Essenciais para a garantia do direito à alimentação escolar, as cozinheiras escolares são, em sua maioria, mulheres, negras, com 35 anos ou mais e estão sobrecarregadas. É o que revela a publicação “Levanta Dados Cozinheiras: o que relatam sobre a realidade do trabalho nas cozinhas escolares”, um retrato inédito das condições de trabalho destas profissionais, produzido pelo Observatório da Alimentação Escolar (ÓAÊ). (mais…)

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Subimperialismo de plataforma: países do Sul Global se tornam hubs de superexploração dos trabalhadores e de extração de dados. Entrevista especial com Kenzo Soares Seto

Pesquisa mostra que o Brasil e outros países periféricos atuam como um centro de extração de dados e acumulação de capital a partir da expansão das suas plataformas para os países vizinhos, promovendo um novo tipo de colonialismo

IHU

Com a ascensão da economia digital, o capitalismo de plataforma e a extração de dados se tornaram centrais na geopolítica global, reconfigurando as relações de poder econômico, político e epistemológico. O debate sobre “imperialismo de dados” ou “colonialismo de dados” é crucial para compreender como as plataformas do Norte Global reproduzem assimetrias históricas em relação ao Sul Global. No entanto, o olhar regional revela nuanças complexas: o Brasil, com sua posição de potência regional, emerge como um ator que, ao mesmo tempo que se subordina às potências centrais, projeta sua influência sobre países vizinhos. (mais…)

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A juventude brasileira não cabe em uma jornada 6×1

Trabalhar cedo, no Brasil, é uma necessidade para muitos, não uma escolha. Trabalho ocupa o espaço do estudo e do lazer, e leva à exaustão e ao abandono escolar. Reduzir a jornada é enfrentar o modelo que transforma o futuro do país em uma força de trabalho barata e quase invisível

Por Débora de Araújo Costa e Ezequiela Zanco Scapini, em Outras Palavras

Em 25 de fevereiro de 2025, após intensa mobilização social pela redução da jornada de trabalho, foi protocolada na Câmara dos Deputados a Proposta de Emenda Constitucional 8/25, que propõe a jornada de trabalho de quatro dias por semana, com o máximo de até 8 horas diárias e 36 horas semanais. Se aprovada, a PEC acaba com a jornada 6×1, realidade de milhares de brasileiros e brasileiras, que sofrem os impactos econômicos, sociais e pessoais de uma vida tomada pelo trabalho. Em especial, queremos abordar os impactos da jornada de trabalho na vida da juventude brasileira. (mais…)

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