Cultura tóxica que recompensa a brutalidade em detrimento da inteligência, aproximando perigosamente a lógica da polícia da lógica dos próprios criminosos que deveria combater
Por Roberto Uchôa, Le Monde Diplomatique Brasil
A cidade do Rio de Janeiro, mundialmente conhecida por suas belezas naturais e vibrante cultura, é também palco de uma complexa e persistente crise de segurança pública. Em meio a este cenário, a Assembleia Legislativa do estado aprovou, em setembro de 2025, uma medida que chocou observadores e especialistas: a reintrodução de uma bonificação financeira para policiais civis que resultem na “neutralização de criminosos” ou na apreensão de armas de grosso calibre. Conhecida pejorativamente como “gratificação faroeste”, a proposta prevê um acréscimo salarial que pode chegar a 150%. Para um público não familiarizado com as nuances da realidade do Rio de Janeiro, esta medida pode parecer uma forma de “endurecer” o combate ao crime. No entanto, uma análise aprofundada, baseada em décadas de experiência que transita entre a atuação policial e a pesquisa acadêmica, revela que se trata de uma política populista, ilegal e perigosamente contraproducente, uma verdadeira licença remunerada para matar que sabota a própria essência da segurança pública. (mais…)
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