Judith Butler guarda muitas imagens em sua memória, sua obra reúne grande parte. O atentado ao World Trade Center, as fotografias que retratam os corpos torturados de Guantánamo e Abu Ghraib, os gritos que em 2011 incomodaram a perfeição sepulcral de Wall Street… Todas constituem peças de seu quebra-cabeças teórico que pensa e interpela a realidade. Mas, quando é questionada por uma, Butler cita a imagem da Praça Taksim, aquele círculo perfeito no coração de Istambul, onde há quatro anos uma reivindicação ambientalista acabou se tornando uma mobilização tão massiva que alguns até se iludiram com uma nova primavera árabe. Butler a descreve com completude substantiva, como uma imagem com “pessoas e objetivos unidos contra o poder da polícia”. (mais…)
intolerância
A polarização não está nos deixando pensar
“Ser ético e combater a corrupção ou ser justo e combater a desigualdade são identidades que estão sendo politicamente mobilizadas por grupos de poder para promover projetos que nem sempre são éticos e nem sempre são socialmente justos”, escreve Pablo Ortellado, professor do curso de Gestão de Políticas Públicas da USP, em artigo publicado por Folha de S. Paulo. (mais…)
As inimigas do Brasil não são a pobreza e a violência, mas as filósofas, por Leonardo Sakamoto
Quando descobri que uma das pessoas insanas que agrediram fisicamente a filósofa Judith Butler (conhecidas por seus estudos sobre gênero), no aeroporto de Congonhas, e foi parte do grupo que queimou a boneca de uma ”bruxa”, representando Butler em um protesto, já havia feito um pocket show de horror se esgoelando contra o vereador Eduardo Suplicy em uma livraria, senti um certo calor de esperança. (mais…)
Judith Butler responde aos ataques de ódio sofridos no Brasil
Em vídeo, filósofa explica por que desperta incômodos ao discutir gênero; ‘nós temos alegria e liberdade do nosso lado’, disse Butler
A filósofa norte-americana Judith Butler, que foi alvo de ataques de ódio durante sua passagem pelo Brasil na última semana, respondeu às manifestações de intolerância que sofreu nos últimos dias. Em vídeo publicado pela TV Boitempo, Butler comenta os discursos agressivos dos quais foi vítima e aponta para a escalada mundial conservadora. (mais…)
A obra de Judith Butler para entender os discursos de ódio contra ela
Em livro de 1997, filósofa analisa o método político de grupos extremistas, cuja atuação só fez crescer desde então
C. RODRIGUES, S. CASTRO, M. PISANI, F. OLIVEIRA, P. CARVALHO, V. WILKE, I. JOHANSON* – El País
Quando, em 1997, a filósofa Judith Butler publicou Excitable Speech: A Politics of the Performative, ainda estava desdobrando algumas ideias centrais discutidas em Gender Trouble (1990), traduzido por Problemas de gênero apenas em 2003. Desde então, a produção intelectual da autora se deu em função de debates surgidos a partir de propostas apresentadas no seu primeiro livro. Foi assim com Bodies that’s Matter (1993), com The Psychic Life of Power: Theories in Subjection (1997) – cuja tradução brasileira chega em breve às livrarias pela editora Autêntica como A vida psíquica do poder: teorias da sujeição –, e com Excitable Speech, ainda sem edição brasileira. Suas ideias nesse livro são de grande ajuda para a compreensão do que consiste os discursos de ódio usados contra ela neste momento no Brasil. (mais…)
Judith Butler, o MBL e o fim da democracia
Nada confirma mais os tempos obscuros, a obtusidade e a desinformação de certos setores da direita brasileira que protestaram no último dia 27 contra a presença da filósofa norte-americana Judith Butler no Brasil para participar do seminário Os Fins da Democracia, em novembro, no Sesc Pompéia, em São Paulo. Nem mesmo a própria professora de Berkeley sequer entendeu a reação à sua presença. (mais…)
Crianças mimadas, adultos tiranos
A pretexto do bullying, pais passaram a interferir no mundo infantil. É péssimo: ninguém deve ser poupado de desgostos e frustrações; e nada melhor que a roda comunal, também entre crianças
Por Maria Bitarello* – Outras Palavras
Minha irmã andava chegando em casa chateada. Cabisbaixa e evasiva, não queria mais ir à aula. A escola tinha se transformado num sofrimento diário, e minha mãe percebeu. Ela confessou que, de fato, havia uma menina infernizando sua vida no jardim de infância: Lorelei, a tirana do parquinho. Com uma capanga miniatura a tiracolo, tentava oprimir e humilhar aquela garotinha de cabelos negros e sobrancelhas espessas com as armas de que dispunha: intimidação, ofensas verbais, emboscadas. Minha irmã, nada combativa, uma criança introspectiva e tímida, sofria em silêncio. Minha mãe compartilhou sua apreensão com minha tia, contemplando possibilidades – de mudá-la de escola a conversar com a professora. (mais…)