Ao citar “um sistema institucional precário, à custa do sofrimento do povo”, o Papa Francisco denuncia o “verdadeiro flagelo moral; como resultado, perde-se a confiança nas instituições e em seus representantes, o que desacredita totalmente a política e as organizações sociais”. No fim, observa com lucidez, “os povos amazônicos não são alheios à corrupção e tornam-se suas principais vítimas”. Infelizmente, o alerta do pontífice na Exortação Querida Amazônia é bastante atual e concreto. Referida deterioração alarmante das instituições públicas, estaduais e federais, se verifica na longa e interminável investigação do episódio conhecido como o Massacre do Rio Abacaxis, na já tão violentada região amazônica. (mais…)
massacre
Israel, necropoder e desumanização
A experiência colonial contemporânea transforma a vida dos civis em experiências de “viver na dor”. É um aparato instrumental que diz qual vida possui valor, quais mortes são lamentáveis e quais não são. Nesse sentido, Israel opera a lógica do terror
por Lincoln Veloso, em Outras Palavras
Corpos empilhados sem identidade, deixam de serem “humanos” e viram mera estatística: representam agora números.
Rostos e mais rostos atônitos frente à fome.
Zunidos pelo ar anunciam que mais um ataque está vindo.
(o breve suspiro-silêncio antes da explosão)
Mais uma criança palestina morta!
Gaza denota um mundo fora do lugar: famílias empilhadas em Rafah, prédios caídos, escolas sem alunos, casas transmutadas em escombros. Futuros enterrados – sonhos explodidos por uma bomba israelense. Barbárie. Em meio a esse cenário, a posição brasileira e da comunidade internacional precisa ser ativa em denunciar a guerra enquanto política de governo. A fala em fevereiro do presidente Lula, enquanto chefe de Estado, representara a visão do Estado brasileiro sobre o conflito israelo-palestino: Ge-no-cí-di-o. (mais…)
Massacre silenciado: a luta pela terra e a impunidade estrutural
O Relatório “Massacres no Campo” denuncia a violência persistente contra indígenas, camponeses e comunidades tradicionais no Brasil, revelando um sistema de justiça que favorece poderosos e perpetua a violência no campo
Por Osnilda Lima, em Cepast-CNBB / CPT
O relatório “Massacres no Campo”, lançado em 22 de agosto de 2024 pelo Instituto de Pesquisa, Direitos e Movimentos Sociais (IPDMS) em parceria com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), denuncia a violência persistente contra povos indígenas, comunidades tradicionais e trabalhadores rurais no Brasil. O estudo, que se concentra nos massacres ocorridos entre 1985 e 2019, revela um sistema de justiça que falha em proteger os mais vulneráveis, perpetuando a impunidade e a injustiça no campo. (mais…)
Campanha Contra a Violência no Campo divulga em Brasília (DF) pesquisa inédita e lança vídeo institucional
O evento tem como objetivo denunciar a impunidade e a violência enfrentada pelos povos do campo, das florestas e das águas, além de marcar os dois anos de atuação da Campanha
Na programação do Seminário dos Povos Conta a violência no Campo de hoje, 22/08 a Campanha Contra a Violência no Campo, que é organizada por mais de 60 entidades da sociedade civil, movimentos populares e pastorais sociais, realizará evento no Centro Cultural de Brasília (CCB), SGAN 601 Módulo D – Asa Norte- Brasília (DF), para divulgar a pesquisa “Massacres no Campo”. A pesquisa, que é inédita, analisa a impunidade do Estado e falhas nos processos judiciais em seis casos de massacres que marcaram a história de violência contra os povos, entre eles o massacre de Eldorado Carajás. A pesquisa foi realizada em conjunto com o Instituto de Pesquisa, Direitos e Movimentos Sociais (IPDMS), Comissão Pastoral da Terra (CPT) e universidades públicas, incluindo a Universidade de Brasília (UNB). (mais…)
Quarto Seminário sobre Massacre do Rio Abacaxis e Mari-Mari evidencia descaso com vítimas
O evento foi marcado por relatos de novas violações que vem ocorrendo na região; os participantes buscam fortalecer a luta diária por justiça
Marcado por debates com representantes da sociedade civil, Ministério Público Federal (MPF), Defensoria Pública da União (DPU) e Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH), o Seminário “Massacre do Rio Abacaxis e Mari-Mari: Memória e luta por justiça!”, realizado entre 08 e 09 de agosto, registrou o quarto ano sem respostas concretas das autoridades às vítimas e para a própria sociedade amazonense, que requerem explicações e justiça. (mais…)
Ato em memória das vítimas relembra os 29 anos do Massacre de Corumbiara/RO
por Wilians Santana (FETAG-RO), em CPT Regional Rondônia / Comunicação CPT Nacional
Na manhã da última sexta-feira (09), um ato público em memória das vítimas do massacre na fazenda Santa Elina, no município de Corumbiara/RO, marcou os 29 anos daquele dia cinzento, triste e sangrento, conhecido como “Massacre de Corumbiara”, o qual interrompeu o sonho de várias famílias que buscavam o seu pedacinho de chão. (mais…)
Cisjordânia: a guerra que o mundo não vê. Por Chris Hedges
Viagem à segunda frente do massacre palestino. Aqui, 2,7 milhões de pessoas estão cercadas e são humilhadas todos os dias pelo exército de Israel e milícias. Tel-Aviv quer suas terras, sua água, sua dignidade. Numa aposta contra tudo, elas resistem
Por Chris Hedges | Tradução: Antonio Martins, em Outras Palavras
Ramallah, Palestina Ocupada: Voltaram depressa o fedor de esgoto bruto, o gemido do motor de diesel, os veículos blindados israelenses semelhantes a preguiças, as vans cheias de ninhadas de crianças, dirigidas por colonos de rosto calejado – certamente não daqui, provavelmente do Brooklyn, de algum lugar da Rússia ou talvez da Grã-Bretanha. Depois de duas décadas, retornei à Palestina ocupada. Pouco mudou. Os postos de controle com suas bandeiras israelenses azuis e brancas pontilham as estradas e os cruzamentos. Os telhados vermelhos das casas de colonos judeus – ilegais de acordo com a lei internacional – dominam as encostas dos vilarejos e cidades palestinas. Eles cresceram em número e em tamanho. Mas continuam protegidos por barreiras antiexplosão, arame farpado e torres de vigilância cercadas pela obscenidade de gramados e jardins. Os colonos têm acesso a fontes abundantes de água nessa paisagem árida que é negada aos palestinos. (mais…)