Segundo cientista social que pesquisou cobertura da Folha de São Paulo, discurso para justificar política de repressão criou representações sociais duradouras para jovens, pobres e ambientes de ensino
Por Thiago Fedacz e Camille Bropp,
Em 11 de novembro de 1970, o general Emílio Garrastazu Médici, então presidente do Brasil por meio dos processos da ditadura militar, recebeu no Palácio do Planalto uma comitiva de estudantes das Faculdades Metropolitanas Unidas de São Paulo. Entre perguntas sobre futebol e entrega de presentes, o general foi informado de que a universidade estava preparando “um simpósio sobre os problemas do tóxico”. Foi a deixa para que Médici manifestasse a preocupação do seu governo com essa questão: “Não se trata apenas de combater o tráfico de entorpecentes. Antes de mais nada, é preciso acabar com o vício. E esta não será uma tarefa fácil”. (mais…)