Trabalhar, sinônimo de adoecer

Explodem, sob o inferno neoliberal, afastamentos por causas psíquicas. Doença é a resposta dos corpos às jornadas exaustivas, tarefas enfadonhas e insegurança permanente. Até as empresas perdem, mas o sistema não sai do abismo que criou

por Erik Chiconelli Gomes, em Outras Palavras

O fenômeno do adoecimento mental massivo entre trabalhadores brasileiros, evidenciado pelos 472.328 afastamentos registrados em 2024, representa não apenas uma crise sanitária, mas uma manifestação concreta das contradições inerentes às relações de produção no capitalismo contemporâneo. Este crescimento expressivo de 68% em relação ao ano anterior constitui uma forma de insurgência silenciosa, em que os corpos e mentes dos trabalhadores registram, através do sofrimento psíquico, as tensões e pressões de um sistema produtivo cada vez mais exigente e precarizado. A experiência vivida por estes sujeitos comuns, especialmente mulheres, negros e os setores mais vulneráveis da classe trabalhadora, compõe um capítulo significativo da história social do trabalho no Brasil, revelando como as condições materiais de existência moldam não apenas as estruturas econômicas, mas a própria subjetividade dos indivíduos. (mais…)

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Brutalismo, a fase mais alta do neoliberalismo. Por Amador Fernandez-Savater*

A economia libidinal do brutalismo não envolve mais repressão ou contenção de pulsões, mas sim desenfreamento, desinibição, dessublimação e ausência de limites.

IHU

“O que é significativo não é o que termina e consagra,
mas o que começa, anuncia e prefigura” (Achille Mbembe)

Em que época vivemos? Como descrever nossos tempos? Algo decisivo está em jogo, para o pensamento crítico, nesta questão dos nomes. Os nomes da época. O mapa de nomes orienta estratégias, indica os movimentos do adversário, revela possíveis resistências. (mais…)

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“Temos a pior ideologia dominante, no pior momento possível”. Entrevista com George Monbiot

IHU

“Imaginemos que os habitantes da União Soviética nunca tivessem ouvido falar de comunismo. É mais ou menos assim que estamos no momento: a ideologia dominante de nosso tempo, que afeta quase todos os aspectos de nossas vidas, não tem nome para a maioria de nós. Se você a menciona, provavelmente, será ignorado pelas pessoas ou, então, reagirão com uma mistura de perplexidade e desdém: “O que você quer dizer? O que é isso?””. (mais…)

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Notas sobre um cenário em desarranjo. Por Luiz Eduardo Soares

Quanto mais segue a cartilha neoliberal, mais Lula se enfraquece e amplia os riscos de derrota em 2026. O diálogo pode ser um primeiro antídoto. Governo deve expor quem bloqueia as mudanças. E o conjunto da esquerda pode servir-se da palavra para escapar de três tendências desastrosas

Outras Palavras

Difícil escapar dos temas que nos angustiam, sobretudo quando nos desafiam tanto intelectual quanto politicamente. Em retrospecto, parece que foi mais fácil compreender o golpe de 1964 e a transição democrática -com suas virtudes, seus limites, suas contradições- do que os revezes que precipitaram o impeachment golpista de Dilma Rousseff, marcando a ruptura do pacto celebrado em 1988, e culminaram com a ascensão do neofascismo bolsonarista -derrotado por um triz, em 2022, mas ainda um espectro no horizonte a nos assombrar, sobretudo após a vitória de Trump. Mais fácil compreender talvez porque o contemporâneo seja sempre mais desafiador, ou talvez porque nossas categorias estivessem mais ajustadas àquele mundo. O fato é que o quadro geopolítico é dramaticamente complexo, especialmente depois do genocídio em Gaza. (mais…)

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Cozinhas Solidárias: exemplo de resistência frente ao fracasso do neoliberalismo

Cozinhas Solidárias amplia organização popular das comunidades brasileiras e movimentos sociais, além de permite o acesso a segurança alimentar e nutricional

Por Lucas Gertz Monteiro*, na Página do MST

“A tontura da fome é pior do que a do álcool. A tontura do álcool nos impele a cantar. Mas a da fome nos faz tremer. Percebi que é horrível ter só ar dentro do estômago”.
Carolina Maria de Jesus.

Recentemente a extrema direita passou a atacar uma das construções mais importantes do último período na luta pelo combate à fome no Brasil, as Cozinhas Populares e Solidárias. (mais…)

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Novo Ensino Médio está alinhado a uma visão neoliberal e aprofundará as desigualdades educacionais. Entrevista especial com Ângela Both Chagas

Para a doutora em Educação, esta reforma representa uma política autoritária e reduz a autonomia das escolas

Por: André Cardoso e Elstor Hanzen, em IHU

Após a luta de estudantes, educadores e movimentos sociais, a reestruturação do Ensino Médio, a partir da Lei nº 14.945/2024, conseguiu amenizar alguns dos danos promovidos pela Lei nº 13.415/2017, que institui o Novo Ensino Médio. “Não houve uma revogação integral da Lei de 2017, mas pontos importantes foram alterados, como a ampliação da carga horária da Formação Geral Básica, comum a todos os estudantes, e a recomposição da obrigatoriedade de componentes curriculares como História, Sociologia, Filosofia, Artes, Educação Física, Biologia”, afirma a doutora em educação, Ângela Both Chagas. (mais…)

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A era de crise psíquica fabricada. Por Vladimir Safatle

Saber psiquiátrico e sua profusão de diagnósticos patologizam todas as formas de mal estar. Ao fazê-lo, tentam calar as insubmissões à subjetividade neoliberal. Não seria ela a grande adoecedora da sociedade? Quais as brechas para contestá-la?

em Outras Palavras

Há quase dez anos, começamos a desenvolver na Universidade de São Paulo a pesquisa que resultou no livro Neoliberalismo como gestão do sofrimento psíquico. Tal pesquisa foi feita pelo Laboratório de Teoria Social, Filosofia e Psicanálise (Latesfip/USP), que congrega professores e pesquisadores do Departamento de Filosofia e do Instituto de Psicologia da nossa universidade. Durante os piores momentos da universidade pública brasileira, lutamos para levar a cabo essa pesquisa como forma de começar a analisar as mutações pelas quais os sujeitos estavam a passar no interior da nova ordem econômica com suas estruturas próprias de brutalização social e violência. (mais…)

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