A modernidade brasileira se ergue entre a digitalização e as ruínas da sociedade industrial. Entrevista especial com Marcio Pochmann

Para o professor, pesquisador e atual presidente do IBGE, um dos nossos maiores desafios é enfrentar o analfabetismo digital, que atinge 3 a cada 4 brasileiros

Por: IHU e Baleia Comunicação

A primeira metade do século XX foi marcada por uma transição econômica nacional que tinha como horizonte a mudança de uma matriz meramente agrária para uma sociedade industrial. A síntese desse projeto, de algum modo, cabe no que se chamou “Era Vargas”, em alusão ao presidente Getúlio Vargas. Tratava-se de um projeto que tinha como objetivo a construção de uma sociedade urbana e industrial. Na década de 1960, João Goulart, o Jango, colocou em pauta as reformas de base, que jamais seriam colocadas em prática. O projeto industrial, com os militares, ganhou um contorno mais dependente, com o financiamento do Fundo Monetário Internacional – FMI, mas, ainda assim, comprometido com a indústria nacional. O começo da ruína do projeto industrial viera com a radicalização do neoliberalismo no Brasil nos anos 1990. (mais…)

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SUS: Quem tem medo da Carreira Única

Num debate em Fortaleza, surgem dois consensos. Para oferecer atendimento digno em todo o país, a Saúde Pública precisa garantir perspectivas e mobilidade a seus profissionais. Mas o Estado neoliberal brasileiro rejeita a lógica dos direitos…

por Guilherme Arruda, Outra Saúde

Como enfrentar a dificuldade crônica de garantir quantidade adequada de profissionais no Sistema Único de Saúde (SUS) – em especial nas regiões mais vulneráveis e afastadas? Um consenso crescente entre entidades sindicais, gestores da Saúde e movimento sanitário sugere que é preciso apresentar um plano de carreira único para toda a rede. Ele deverá valorizar e garantir melhores condições de atuação para os trabalhadores da saúde pública em cada canto do país. Em janeiro, o debate começou a tomar contornos mais concretos com a criação da Comissão para Discussão e Elaboração de Proposta de Carreiras no âmbito do SUS (CDEPCA/SUS), composta por uma ampla representação da sociedade e dos órgãos de Estado. (mais…)

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Emílio Ribas: 10 anos à espera de uma reforma

Uma ala do hospital paulista foi fechada, com a promessa de que haveria uma grande ampliação. Uma década depois, nada mudou. Servidores protestam pelo atraso, além do desmantelamento geral de um dos serviços de referência em infectologia no Brasil

por Gabriel Brito, Outra Saúde

Em São Paulo, servidores do Instituto de Infectologia Emílio Ribas prepararam um protesto inusitado: um desaniversário de uma promessa de ampliação do hospital, feita pelo governo do estado em 2014. “Montaram um plano de reforma que consistia em fechar uma das alas do hospital. Operávamos com 192 leitos e, na época, esse número caiu pela metade, em torno de 100. A promessa era que, ao final da obra, chegaríamos a 300 leitos e um hospital totalmente novo, maravilhoso. Mas não passamos da promessa em 10 anos. Por isso fizemos uma manifestação em comemoração a este aniversário, cantando parabéns e bolo”, sintetizou a médica Claudia Mello. (mais…)

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São Paulo: caos elétrico, poda de árvores e neoliberalismo

Por trás da interrupção prolongada do abastecimento de energia estão dois fatos ignorados pela mídia. Ao desmonte do manejo arbóreo público, seguiu-se uma lei da bancada governista – que beneficiou ENEL e construtoras, mas desorganizou um setor vital da prefeitura

por Mateus Muradas, em Outras Palavras

No final de 2023 e novamente na última semana, a cidade de São Paulo enfrentou apagões, após tempestades e quedas de árvores na cidade. Num jogo de empurra entre ENEL e prefeito Ricardo Nunes, pouco se falou sobre a real origem do problema, que foi a alteração da Lei das Podas. O problema causado pelo governo Nunes, tem data de nascimento, no dia 27 de abril de 2022, quando a base de vereadores do governo aprovou alterações significativas na Lei das Podas Urbanas. Mas o que mudou nesta lei? (mais…)

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Brasil: Os trilhões fora do pente-fino

Popularidade de Lula pode ser abalada com a busca frenética pelo déficit zero. Os cortes em programas sociais já começaram. Mas o financismo é poupado e os R$ 2,9 trilhões em calote tributário, a maior parte de corporações, estão fora do radar

por Paulo Kliass, em Outras Palavras

A reiterada obsessão manifestada – dia sim, outro também – pelo ministro Fernando Haddad com a implementação da austeridade fiscal extremista vai criando um conjunto amplo de problemas para a agenda governamental. A adesão unilateral aos diagnósticos e às propostas do campo do financismo provocam consequências sérias e danosas para qualquer programa de natureza desenvolvimentista do governo. Afinal esta era uma das grandes esperanças depositadas pela maioria da população brasileira ao confiar um terceiro mandato para o presidente Lula em outubro de 2022. (mais…)

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‘O Idiota’: a ascensão política da barbárie encarnada em personagens grotescos. Entrevista especial com Domenico Hur

O discurso radical da suposta direita antissistema se apoia na produção de discursos cada vez mais radicais e extremos produzindo uma polarização que torna cada vez mais narcísicos ambos os espectros políticos

Por IHU e Baleia Comunicação

Quando Tom Jobim cunhou a célebre frase “O Brasil não é para principiantes”, ele foi capaz de sintetizar a complexidade que significa viver em um país continental e com contradições e potencialidades igualmente colossais. A afirmação cai como uma luva para pensarmos os nossos desafios políticos, sobretudo quando no cenário político recente e atual surgem figuras que ganham notoriedade dobrando a aposta do absurdo e investindo em afetos intensos como estratégia de visibilidade. (mais…)

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Saúde global: a nova infiltração das corporações

Em cúpula paralela à Assembleia da ONU, países aprovaram documento que promove reforma no funcionamento do sistema multilateral. Suas diretrizes promovem a intrusão do poder corporativo nas decisões globais – inclusive na Saúde

Por Gonzalo Terrón e Pedro Villardi, para a coluna Saúde não é mercadoria, no Outra Saúde

Nos últimos tempos, com o avanço da ultradireita, temos visto os ataques ao sistema multilateral intensificaram-se tanto no Sul quanto no Norte globais. Em uma de suas primeiras ações no governo, em meio à pandemia de COVID-19, Trump retirou o financiamento dos EUA da Organização Mundial da Saúde (OMS). Em maio deste ano, durante a Assembleia Mundial da Saúde, grupos de ultradireita organizaram manifestações contrárias ao evento, além de disseminarem teorias conspiracionistas sobre uma tentativa de assassinato do primeiro-ministro da Eslováquia, por supostamente não ter aderido ao chamado Tratado das Pandemias. Por isso, é cada vez mais urgente repensar a governança global para que o multilateralismo ofereça respostas às múltiplas crises que caracterizam a atualidade. (mais…)

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