Assim o neoliberalismo capturou a família

Nos anos 60, o sistema saiu em defesa desta instituição: desmontar o Estado, exigia que ela assumisse o ônus do bem-estar social e de dívidas individuais, transmitidas entre gerações. Movimentos, hoje, a contestam: seria frente de luta anticapitalista?

Melinda Cooper em entrevista a Nuria Alabao, no CTXT | Tradução: Rôney Rodrigues, em Outras Palavras

Os valores da família: entre o neoliberalismo e o novo social-conservadorismo, de Melinda Cooper (Sydney, 52 anos), é uma obra fundamental para entender por que o neoliberalismo defende a instituição familiar. Cooper é professora de sociologia na Universidade Nacional Australiana em Camberra e, atualmente, pesquisa políticas neoliberais e finanças públicas. Esta entrevista é um resumo da recente apresentação de seu livro em Madrid. (mais…)

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Que esquerda teria morrido?

A socialdemocrata perece; e a revolucionária tem influência reduzida. Todas sofrem com o novo lulismo — ainda conciliador, e agora mais frágil. Mas algo é certo: a ultradireita continua viva e a esquerda, se morta ou não, precisa reviver

por Luiz Filgueiras, em Outras Palavras

Origem e significado de “esquerda” e “direita”

A dicotomia esquerda-direita, como referência para a análise e caracterização da disputa política e de seus sujeitos, nasceu, como se sabe, durante a Revolução Francesa de 1789, para identificar e qualificar dois campos políticos opostos presentes na Assembleia Nacional, designando respectivamente, os apoiadores da revolução (sentados à esquerda do seu presidente) e os partidários do rei (sentados à direita). (mais…)

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O Supremo e o paradoxo liberal. Por Carlos Frederico Guazzelli

No Terapia Política

Em mais de uma oportunidade, buscou-se destacar neste espaço – a exemplo do que o fizeram vários observadores da cena política nacional – o decisivo papel desempenhado pelo Supremo Tribunal Federal, nos últimos anos, em defesa das instituições republicanas e democráticas, seriamente ameaçadas durante o governo bolsonarista, desde seu início. Na verdade, ainda antes e durante o todo processo eleitoral que o guindou à Presidência, o ex-capitão a toda hora dirigia seus arreganhos autoritários, em especial contra o STF, o TSE e seus Ministros – o que era amplificado por seus acólitos nas mídias sociais virtuais por eles operadas cotidianamente. (mais…)

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O orçamento paralelo

Em 2023, os gastos públicos com juros cresceram 22%. Mas burocracia estatal, cooptada pelo paradigma neoliberal, parece ver “gastança” na Saúde e Educação. Cultivar superávit primário implica oferecer enormes privilégios para o financismo

por Paulo Kliass, em Outras Palavras

O Banco Central divulgou recentemente as informações oficiais relativas à política fiscal do governo brasileiro. Com o boletim de dezembro de 2023, torna-se possível a consolidação dos dados de todo o exercício passado. Os números tendem a confirmar, mais uma vez, a dominância da esfera financeira sobre todos os demais setores da atividade econômica. Esse processo de hegemonia do financismo vem de muito tempo, mas a cada novo período a situação parece se aprofundar ainda mais. (mais…)

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Clara Mattei: Brasil precisa de outro rumo

Economista que estudou a fundo a relação entre ajustes fiscais e fascismo adverte, na edição brasileira de seu livro: “arcabouço” de Haddad é “vergonhosamente austero” e compromete o futuro, ao fazer concessões tolas ao mercado

Por Clara Mattei e Mariella Pittari, em Outras Palavras*

É uma verdadeira conquista ver A ordem do capital publicado em português. Afinal, ainda que narre algo que teve lugar na Europa de um século atrás, seguindo uma linha que revisita e revê os fundamentos da economia a fim de relacionar os efeitos das políticas econômicas de austeridade do início do século XX à ascensão do fascismo, neste livro há elementos analíticos que podem contribuir para compreender a natureza e a lógica da austeridade no Brasil atual. Não obstante se concentre nas relações de classe em contextos europeus nos quais a austeridade foi usada como instrumento político para esmagar as reivindicações de democracia econômica, transporta essa dinâmica à compreensão de como as relações de classe foram forjadas em países cujo histórico é de escravidão e colonialismo. Entender as relações de classe da Europa do século XIX serve para calibrar como o discurso da austeridade vem acompanhado de uma pauta argumentativa que cancela o aspecto de classe das políticas adotadas, como se estas atingissem a todos de maneira equânime. (mais…)

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Chutzpah* Corporativo no Brasil!

*N.T.: Chutzpah é um termo tirado do idioma iídiche amplamente utilizada nos Estados Unidos para definir um tipo de comportamento ultrajante, como, por exemplo, quando uma pessoa que matou ambos os pais pede clemência ao tribunal alegando que é órfão. 

Por Laurie Kazan-Allen (IBAS), na ABREA

Em 17 de janeiro de 2024, Fernanda Giannasi – líder da campanha de proibição do amianto na América Latina e cofundadora do Grupo Brasileiro de Vítimas do Amianto, a ABREA, postou um comentário no LinKedIn. Li uma vez e então, perplexa, li novamente. Depois de estudá-lo forensemente, comecei a escrever o artigo abaixo. Quando terminei, enviei para Fernanda para garantir que havia entendido corretamente os fatos por ela denunciados e ela confirmou que sim, dizendo: (mais…)

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Dowbor: Crônica de uma angústia planetária

O caos social, climático e econômico que vivemos não se traduz em estatísticas: são dramas terríveis que podiam ser evitados. Sabemos o que precisa ser feito e há recursos suficientes… mas seguimos como expectadores, submetidos a estúpidos bilionários

Por Ladislau Dowbor no Meer | Tradução: Maurício Ayer, em Outras Palavras

Uma visão geral dos nossos problemas, como humanidade, não é um exercício surrealista. Tanto progresso tecnológico, mas tanta violência e destruição, tanto sofrimento. E tantas narrativas sobre quem são os bons e quem são os maus. De que lado você está? A única certeza é que sou corintiano. O resto virou um caos.
(Ladislau Dowbor)

Trocamos a mão invisível do mercado que funciona bem, de Adam Smith, pelo punho invisível do poder monopolista.
(Nicholas Shaxson – The Finance Curse [A Maldição das Finanças])

Yet let’s be content, and the times lament, You see the world turn’d upside down.
[No entanto, vamos nos contentar, e os tempos lamentam, Você vê o mundo virado de cabeça para baixo.]
(Balada do século XVII) (mais…)

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