Crescimento: seis décadas de ilusões

Ideia de que o aumento do PIB é o objetivo central da Economia remonta aos anos 1950. Deformou conceitos de Keynes. E, depois de multiplicar a desigualdade e minar a democracia, terminou em… estagnação. Como revertê-la agora?

por Ann Pettifor, em Outras Palavras

“Crescimento” é um termo usado por economistas que têm em vista uma atividade econômica ampliada: um aumento no investimento, emprego, bens e serviços. Também é usado, de forma pejorativa, por ambientalistas convencidos de que a expansão interminável da atividade econômica em um mundo com recursos finitos é insustentável. Eles empregam mais comumente seu antônimo, “decrescimento” – como em The Future Is Degrowth: A Guide to a World beyond Capitalism [“O futuro é decrescimento: Um guia para um mundo além do capitalismo”]. O uso e a evolução de “crescimento” e sua ligação com o PIB representam uma etapa importante no surgimento do sistema atual de governança econômica global, baseado nas expectativas de “crescimento” contínuo, por sua vez facilitado pela desregulamentação financeira e mobilidade de capital. Tal “crescimento”, no contexto do capitalismo financeirizado, levou a desequilíbrios ecológicos, sociais e econômicos que ameaçam provocar colapso sistêmico. (mais…)

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Quando a esquerda não ousa governar

No Brasil, em nome dos “mercados”, Haddad anuncia cortes que apequenam Lula-3. Na França, a Frente Popular pode desperdiçar a vitória que as urnas lhe deram, por desconfiar de si mesma. O que há em comum entre estes dramas?

por Antonio Martins, em Outras Palavras

Por que não se contingenciam os juros?, poderia ter perguntado ao ministro Fernando Haddad um dos jornalistas presentes ao anúncio, nesta quinta-feira (18/7), do corte de R$ 15 bilhões no Orçamento de 2024. Aplicados sobre um gasto público já comprimido, o bloqueio de R$ 11,2 bi e o contingenciamento de R$ 3,8 bi significam que o SUS continuará muito distante de seu projeto original; que o governo manterá o flerte com com o “novo ensino médio” e a educação segregada; que nas cidades o próprio Minha Casa, Minha Vida patinará; que quase nada se fará em relação à reforma agrária (como constatou há semanas João Pedro Stédile); que, enfim, Lula 3 permanecerá, por enquanto, apequenado. (mais…)

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O balcão. Por João Carlos Salles

Notas sobre o neoliberalismo na universidade pública e a esquerda. Diante da redução sistemática do orçamento, ou a comunidade resiste de forma séria, ou salva-se quem puder – e logo veremos o fim da instituição como a conhecemos e a sonhamos

Em Outras Palavras

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Os trabalhistas ganharam as eleições na Inglaterra. Ante um esboço de comemoração, um amigo inglês apressou-se em dizer: “Olhe, não se anime, eles já não são tão de esquerda”. Tal confusão de fronteiras se repetiria em toda parte, a apagar distinções outrora claras entre conservadores e progressistas. Estaríamos vivendo novos tempos de pragmatismo político, em função do qual todos em muito se irmanariam e, por isso mesmo, esquerda e direita já não se distinguiriam claramente por suas práticas ou propostas, mas sobretudo por sua retórica. (mais…)

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O controle público da informação tem sido um dos principais fronts de guerra na era da desinformação. Entrevista especial com Afonso de Albuquerque

Para o professor e pesquisador da Universidade Federal Fluminense, é necessário criarmos um campo de formação contra a desinformação, projeto que está em andamento no núcleo universitário em que atua

Por: IHU e Baleia Comunicação

Um dos efeitos do neoliberalismo, na versão que hoje vivemos, é a fragilização e precarização de todo e qualquer serviço público, incluindo os sistemas de informação. Isso inclui não somente meios de comunicação, mas principalmente universidades, que mesmo sendo privadas podem operar por um princípio público, este em franco ataque das elites econômicas e políticas, especialmente de direita. (mais…)

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“Chegamos a um ponto em que os sistemas inteligentes tomam decisões de vida e morte”. Entrevista especial com Márcio Cataia

Professor analisa alguns desdobramentos geopolíticos e tecnológicos contemporâneos a partir das contribuições teóricas e metodológicas do geógrafo brasileiro Milton Santos

Por: Guilherme Tenher, no IHU

A realidade acelerada e pululada dos acontecimentos demanda avaliações conjunturais capazes de capturar os nexos visíveis e invisíveis da trama complexa de atores locais, nacionais e internacionais envolvidos. Para realizar tal tarefa, recorre-se aos cânones do pensamento vivo, intelectuais com o fôlego teórico e metodológico. Entre outras mentes brilhantes, o baiano Milton Santos (1926-2001) se destaca pela profundidade e extensão de suas contribuições no campo da Geografia e das Humanidades como um todo. (mais…)

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A austeridade fiscal e a gestão do neoliberalismo pela esquerda é o projeto das classes dominantes que entraram em guerra. Parte II. Entrevista especial com David Deccache

Para o economista e assessor no Congresso, é importante que a esquerda dê sustentação aos avanços sociais sem abrir espaços para retrocessos

Por: IHU e Baleia Comunicação

Existe no Brasil, há quase dez anos, pelo menos desde o plano “Ponte para o futuro”, de Michel Temer, um projeto de austeridade que, no fundo, é um eufemismo para a questão real: a luta de classes. Ao assumir o governo, o Partido dos Trabalhadores tem procurado dar sinais às elites financeiras que seu mandato não será um entrave ao seu projeto. “A estratégia política do governo é mostrar ao capital e às classes dominantes que estes estão dominados pelas finanças e pelo modelo agroexportador, é mostrar que é capaz de fazer uma boa gestão do projeto das classes dominantes, que se manifesta na Ponte para o Futuro, que é política monetária conservadora e política fiscal de austeridade”, explica David Deccache em entrevista por telefone ao Instituto Humanitas Unisinos – IHU, nesta segunda parte da conversa (a primeira parte pode ser acessada aqui). (mais…)

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