Dia Mundial da Água: há o que comemorar?

Desde 2016, Brasil enfrenta intenso processo de privatização do saneamento. Hoje, três empresas controlam quase todo o setor. Até a conquista da Tarifa Social enfrenta retrocessos. Data precisa inspirar um chamado para a garantia da universalização do bem essencial

por Pedro Damásio e Edson Aparecido da Silva, em Outras Palavras

Neste dia 22 de março, Dia Mundial da Água, não temos nada a comemorar. Muito pelo contrário, o Brasil vem enfrentando um intenso processo de privatizações de suas empresas de saneamento, processo que se iniciou no ano de 2016 e se aprofundou no governo Bolsonaro. (mais…)

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Racismo ambiental e resistência popular: o caso do emissário de esgoto no rio Tramandaí

Lucros privados, prejuízos socializados e a luta contra a insustentabilidade ambiental no litoral do RS

Por Eduardo Luís Ruppenthal*, no Brasil de Fato

O Litoral Norte do Rio Grande do Sul virou um território em disputa. De um lado, o avanço do capital expresso principalmente na especulação imobiliária, que atua desenfreadamente, de ocupação e exploração máxima do território, do solo e dos demais bens comuns como a água. Como se não houvessem limites, uma aceleração do fim do mundo, como se estivessem em alguma realidade distópica, ignorante à gravidade socioambiental do atual contexto planetário. Do outro lado, a resistência de quem vive a sua existência junto ao território, onde os bens comuns como a terra, o ar e a água são abundantes e fundamentais, como os povos originários, que estão aqui há milhares de anos, as comunidades tradicionais que há séculos ocupam essa terra, como os quilombolas, os pescadores artesanais e demais nativos como os agricultores e pecuaristas familiares, os artesãos, os ribeirinhos e os marisqueiros. E comunidades de trabalhadores que constroem a sua vida há décadas e séculos, com relação com os diversos ambientes litorâneos, desde o Planalto com o predomínio florestal da Mata Atlântica, à Planície Costeira, com a presença marcante dos ecossistemas aquáticos: lagoas, rios e mar. (mais…)

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Como a crise hídrica sufoca o Brasil

Secas severas no país acarretam enormes prejuízos no setor elétrico, saúde pública, navegação, abastecimento de água, e produção de alimentos. Mas o poder público está paralisado. Como fornecer capacidade técnica e financeira para as cidades e o campo enfrentá-las?

por Edson Aparecido da Silva*, em Outras Palavras

2023 foi o ano mais quente já registrado em 174 anos de coleta de dados da Organização Meteorológica Mundial (WMO, na sigla em inglês). A temperatura média global da superfície ficou 1,45 °C acima dos níveis pré-industriais. Esse aquecimento leva a eventos climáticos extremos, como ondas de calor, inundações, tempestades e secas, mudanças que causam impactos na biodiversidade, com a perda de hábitats e espécies por causa das mudanças nos ecossistemas e da acidificação dos oceanos, o que pode alterar a cadeia alimentar marinha e afetar a pesca. (mais…)

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Direito à água: Como antropologia pode contribuir

Embora menos evocados, os estudos etnográficos têm papel relevante na luta por saneamento. Eles permitem entender as relações entre população e territórios, e os processos culturais de saúde-doença-higiene — muitas vezes, usados para segregação

por Bianca Retes Carvalho, em Outras Palavras

Nos últimos anos muito se tem discutido sobre a transdisciplinaridade – e interdisciplinaridade – para o estudo de problemáticas complexas que envolvem não apenas o nível local dos territórios e populações, mas que estão em correlação às macroestruturas e demandas globais. Diante de um panorama de crises socioambientais, sanitárias, econômicas e políticas, o acesso a recursos tidos como básicos torna-se temática não apenas de propostas tecnológicas, mas que carregam grande responsabilidade social. (mais…)

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Brasil: A água sob o domínio do rentismo?

Crise climática é usada por instituições internacionais para tentar capturar o saneamento do país, estimulando privatizações e PPPs. Resultado: o privado abocanha subsídios, entrega péssimos serviços e coloca em risco a soberania nacional. E governos caem na arapuca…

por Helder Gomes e Merci Pereira Fardin, em Outras Palavras

Devemos ficar muito atentos ao movimento de expansão das privatizações e das Parcerias Público-Privadas (PPP) na área do saneamento ambiental. O grande capital e as agências multilaterais de financiamento (Banco Mundial, entre outras) aproveitam muito bem o momento de explicitação da crise climática, bem como da urgência que ela impõe por mudanças nos sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário, para difundir programas de reestruturação das cidades, como sinônimo de adequação aos chamados desafios do novo milênio. No entanto, o que está em jogo, de um lado, é a concorrência pelo controle das fontes de água potável pelos grandes conglomerados capitalistas, que disputam as fontes de matérias-primas em nível mundial. (mais…)

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As corporações que controlam as águas do Brasil

Um punhado de transnacionais, associadas a grandes fundos e bancos, apressa-se a controlar as empresas de saneamento. O preço é irrisório – às vezes, menos que um ano de receita. O ganho estratégico é enorme. O BNDES financia a mamata

por Dalila Calisto*, em Outras Palavras

Recentemente, a empresa Equatorial, uma das principais distribuidoras de energia elétrica do país, assumiu a gestão da Sabesp, maior empresa de saneamento do Brasil, após ter disputado e vencido, sem concorrência, o leilão que levou à privatização da empresa, em julho de 2024. Em 2021, a Equatorial já havia sido vencedora do leilão, que privatizou o saneamento no estado do Amapá. Na época, por meio do pagamento de R$930 milhões de reais, a empresa tornou-se responsável pela gestão dos serviços de distribuição de água e coleta de esgoto em dezesseis cidades do Estado, passando a atender cerca de 700 mil pessoas. (mais…)

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De volta às doenças ligadas ao saneamento

Avança a ideia de que muitas enfermidades contemporâneas não podem ser compreendidas apenas por seus agentes infecciosos. Uma classificação brasileira – a DRSAI – ajuda a compreender a relação entre saneamento inadequado e epidemias como a dengue

Por Mariana Cristina Silva-Santos, Priscila Neves Silva e Léo Heller, do Instituto Rene Rachou – Fiocruz Minas, em

Muitas doenças que possuem como causa um agente biológico infeccioso também possuem rotas ambientais de transmissão determinantes. Trabalhos acadêmicos vêm procurando compreender essas relações e agrupar doenças e fatores ambientais na forma de classificações. Uma dessas abordagens inclui uma importante classificação ambiental, extensamente utilizada no Brasil, chamada DRSAI – Doenças Relacionadas ao Saneamento Inadequado (Costa et al., 2002). Na época de sua formulação, o rol de doenças que ela incluiu foi adaptada ao contexto brasileiro e abrange cinco categorias de doenças: de transmissão feco-oral, de transmissão por inseto vetor, de transmissão através de contato com a água, de transmissão relacionada com a higiene e, por fim, de transmissão causadas por geo-helmintos e teníases. Construída há mais de duas décadas, esta classificação possibilitou inúmeros avanços no conhecimento e na construção de indicadores sanitários, uma vez que o cerne da sua proposta foi direcionado a explorar os indicadores de internações hospitalares por doenças advindas da ausência de saneamento. (mais…)

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