Rio: o que esperar das UPPs recauchutadas

Ocupação policial do Jacarezinho e Muzema repete erros velhos e graves: tentativa de controle, disciplinamento e subalternização da periferia. No Dicionário de Favelas Marielle Franco, verbetes para compreender o desastre

Por Sonia Fleury e Juliana Kabad, em Outras Palavras

Foram muitos os erros que levaram ao fracasso do programa de pacificação das UPP nas favelas do Rio de Janeiro. Destacam-se a falta de planejamento da política pública, que levou a um grau exacerbado de improvisação, falta de treinamento adequado e de recursos que garantissem sua sustentabilidade, além de sua subordinação aos objetivos eleitoreiros dos políticos e aos interesses de lucratividade do mercado. A ocupação militar representou a instauração do estado de exceção nestes territórios, tendo sido identificada como pacificação apenas pela mídia e pelas classes médias e altas, ignorando os complexos problemas na raiz do crescimento da violência urbana.

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Se essa UPP fosse minha: com seu fim anunciado, os sonhos dos moradores para reocupar o espaço das UPPs

por Luisa Fenizola, RioOnWatch

Embora a falência do modelo de polícia pacificadora já estivesse sendo sinalizada há anos por moradores, pesquisadores, organizações da sociedade civil e os próprios índices de violência e letalidade no Rio de Janeiro, foi só em 2018 que o poder público sinalizou a sua desmobilização parcial, no contexto da intervenção militar federal na segurança pública do estado. O gabinete da intervenção sinalizou a intenção de realocar os policiais das UPPs em companhias destacadas, vinculadas aos batalhões locais, para cobrir as mesmas áreas. Saía, assim, o policiamento de proximidade, com base instalada nas favelas, e retornava-se ao antigo modelo de incursões pontuais. Mais recentemente, em fevereiro de 2019, começou a tramitar na Alerj um projeto de lei que determina a sua extinção completa, aprovado em primeira votação.

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A inspiração por trás do livro aclamado de Geovani Martins

No dia 19 de junho, o escritor Geovani Martins falou na PUC-Rio sobre o lançamento de seu primeiro livro, aclamado pela crítica, O Sol na Cabeça

por Chris Harden, em RioOnWatch

Nascido em Bangu, na Zona Oeste do Rio, e tendo passado a sua adolescência no Vidigal, na Zona Sul, hoje morador da vizinha Rocinha–Geovani extraiu de suas próprias experiências nas favelas do Rio ideias para construir uma série de treze contos centrados em personagens fictícios, majoritariamente baseados em favelas por toda a cidade. Através de uma série de narrativas únicas, O Sol na Cabeça desenvolve uma imagem complexa da vida nas favelas, ao mesmo tempo em que destaca problemas comuns, como conviver com as UPPs e o preconceito cotidiano por parte da população mais abastada do Rio. Desde o seu lançamento em março deste ano, o livro foi recebido com tremendo sucesso. Críticos publicaram elogios através da mídia nacional e O Sol na Cabeça se tornou o primeiro livro brasileiro na história a vender direitos de publicação para traduções em nove países antes do seu lançamento. Direitos foram vendidos inclusive para uma adaptação cinematográfica. (mais…)

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UPPs, mais uma história de esperança e fracasso na segurança pública do Rio

Prestes a completar 10 anos, programa apresenta resultados opostos ao que foi previsto

Felipe Betim – El País

Na madrugada do dia 24 de fevereiro, moradores da favela Santa Marta e do resto do bairro de Botafogo foram acordados com intensos tiroteios entre policiais e traficantes no morro. Esta comunidade da nobre Zona Sul do Rio de Janeiro foi a primeira a receber uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) há quase 10 anos, em novembro de 2008. O programa, que — em tese — consiste em ocupar determinando território dominado por facções criminosas, estabelecer um policiamento comunitário, que seja próximo ao cidadão, e abrir caminho para serviços públicos do Estado teve no Santa Marta sua principal vitrine. Hoje, após a instalação de 38 UPPs, o modelo que representou nos últimos anos a esperança de um Rio mais seguro se mostra esgotado, após colecionar uma série de fracassos e escândalos nos últimos anos. Algo que também já se reflete no Santa Marta, que chegou a ficar mais de seis anos sem tiroteios. A velha rotina está de volta. Em meio a uma intervenção federal decreta pelo Governo de Michel Temer, que colocou um general no comando da segurança pública fluminense, qual será o destino das UPPs? Os confrontos nas favelas, incluindo a Santa Marta, se intensificarão? Não há respostas concretas. (mais…)

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Entrevista com Jorge Luiz de Barros dos Santos, Presidente da Pereira da Silva em Laranjeiras

Sophia Zaia – RioOnWatch

A favela Pereira da Silva situa-se entre os bairro de Laranjeiras e Santa Teresa na Zona Sul do Rio. Entrando na comunidade, há pequenas placas de madeira com palavras de incentivo: “Pense sobre as coisas que te faz feliz” e “Não desista!”–espalhadas pelo Projeto Morrinho, um modelo em miniatura de favelas do Rio construído por um grupo de jovens moradores da Pereira da Silva que ganhou fama internacional. A comunidade de 8.000 moradores ainda não recebeu uma UPP, mas sofreu a intervenção militar no passado. Apesar da pequena comunidade estar em uma proeminente localização na Zona Sul, os moradores sentem que estão esquecidos para os projetos do governo e a maioria das melhorias são realizadas pela própria comunidade. (mais…)

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Paralisação do Teleférico e violenta operação policial deixa moradores do Complexo Alemão ameaçados e ilhados

Ciara Ní Longaigh – RioOnWatch

A paralisação por seis meses do teleférico no Complexo do Alemão, na Zona Norte, foi anunciada no dia 14 de setembro, ao mesmo tempo em que ocorriam implacáveis operações policiais na favela. Segundo a Secretaria Estadual de Transportes, o teleférico não vai funcionar até 2017, devido ao desgaste atípico dos cabos de tração, descobertos durante uma inspeção de rotina. De acordo com a secretaria, a fabricação, entrega e instalação das novas partes dos cabos de tração levarão seis meses para se concretizar. (mais…)

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