Branquitude: Um campo de estudos críticos referentes ao privilégio das pessoas brancas em sociedades estruturadas pelo racismo

Por Erika Farias – EPSJV/Fiocruz

Estudos sobre história e cultura afro-brasileiras têm evidenciado o fato de que a sociedade ocidental foi educada a partir de uma visão eurocêntrica de mundo, em que os feitos dos colonizadores foram ensinados, geração após geração, como conquistas e atos heroicos. Por este ponto de vista, criou-se uma ideia do homem branco como vencedor, a força motriz de uma expansão capitalista que, por séculos, sequestrou, escravizou e aniquilou povos inteiros. Mais de 130 anos após a assinatura da Lei Áurea, declaração ‘formal’ que determinou a abolição da escravatura em solo brasileiro – sem que houvesse indenizações ou posteriores políticas de integração aos recém libertos – hoje, são notórios e crescentes o ativismo e o movimento social negro, bem como os debates acerca de consequências pessoais, sociais e econômicas dos quase 400 anos de escravização do povo africano e afrodescendente. Apesar do avanço das discussões referentes à reparação histórica de pretos e pardos, um aspecto desta engrenagem permanece em segundo plano: a invisibilização do branco escravizador. É neste campo crítico, de estudos referentes aos privilégios da pessoa branca em sociedades estruturadas pelo racismo, que surge o conceito de ‘branquitude’. (mais…)

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