Ambientalistas protestam contra usina eólica em parque no Maranhão

Região é rota de 17 espécies de aves migratórias. Canteiro de obras fica perto de área de desova de tartarugas

G1

A construção de um parque eólico numa área de preservação no Maranhão provocou protestos de ambientalistas.

As torres por onde vai passar a energia gerada na usina estão sendo erguidas numa região de areal.

O investimento de R$ 1,5 bilhão é da Ômega Energia. A usina, com 96 cata-ventos, da mesma empresa, em Parnaíba, no Piauí, deve entrar em atividade em 2017.

A meta é produzir 220 megawatts, energia que dá para abastecer uma cidade com 700 mil habitantes.

As obras estão sendo feitas entre o Parque Nacional dos Lençóis e a área de proteção ambiental do delta do Parnaíba.

As dunas estão sendo removidas numa unidade de conservação. Toda a região é parte da área de proteção ambiental da foz do Rio Preguiças.

A região é rota de 17 espécies de aves migratórias. Ambientalistas avaliam que os cata-ventos vão formar uma barreira de nove quilômetros no caminho das aves.

“Elas voando uma atrás da outra, em certos momentos, com o ruído, elas vão se deslocar, e aí é nessa hora que tem o abate de algumas aves”, diz o ambientalista Alexandre ugart.

O biólogo Anderson Guzzi, consultor da Ômega Energia, nega.

“Algumas voam por baixo da linha dos aerogeradores. Há outras que passam por cima e a maioria ocupa os entornos”.

O canteiro de obras para instalação das turbinas fica perto de uma área de desova de tartarugas.

“É a mudança da ecologia das dunas. Porque você introduziu grandes áreas de lagoas. Isso tem um impacto. Você acaba modificando a biota da região”, afirma Leonardo Gonçalves, oceanógrafo da UFMA.

O gerente de Meio Ambiente do Complexo Eólico Delta III não acredita que o refúgio das tartarugas tenha sido afetado.

“Qualquer intervenção física da obra do parque está ocorrendo a 500 metros de distância da praia, o que assegura que não vai haver nenhuma obra em área de possível desova de tartaruga”, diz Tiago Nogueira.

Para os ambientalistas os impactos são difíceis de medir.

“Estão mexendo em um santuário pouquíssimo conhecido. Ninguém fez obra dessa magnitude em cima de um local daquele lá ainda”, afirma Milton Dias, presidente da H2Ong.

“Todo e qualquer empreendimento gera alguma alteração no ambiente. O que a gente tem como responsabilidade? Avaliar que alterações são essas e tomar todas as medidas para minimizar essas alterações”, diz Loretti Melo, gerente de Meio Ambiente da Ômega Energia.

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Alessandra Masullo.

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