Na Fazenda Santa Eufrásia, pessoas negras se vestem de escravas e servem os turistas
O Ministério Público Federal (MPF) em Volta Redonda (RJ) instaurou inquérito civil público para apurar a violação de direitos humanos, racismo e ao patrimônio histórico na programação turística da Fazenda Santa Eufrásia, localizada em Vassouras.
A Fazenda Santa Eufrásia é a única fazenda particular tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Rio de Janeiro (Iphan-RJ), tendo sido tombada em 1970 em razão de sua importância histórica, cultural e paisagística. De acordo com o MPF, a violação ao patrimônio histórico leva em consideração a finalidade do local em educação e reparação simbólica de violações de direitos perpetradas no local em tempos passados.
A investigação foi aberta após uma reportagem publicada pelo site “The Intercept Brasil”. A matéria aponta que na Fazenda Santa Eufrásia pessoas negras vestidas como escravas servem os turistas que visitam o local e são recebidos pela proprietária Elizabeth Dolson, que se veste com roupas de época, representando uma sinhá. Conforme a mesma reportagem, a proprietária também teria se manifestado da seguinte forma a uma pergunta da jornalista: “Racismo? Por causa de quê? Por que eu me visto de sinhá e tenho mucamas que se vestem de mucamas? Que isso! Não! Não faço nada racista aqui!”.
O procurador da República Julio José Araujo Junior, responsável pela abertura do inquérito, oficiou à proprietária da fazenda Elizabeth Dolson solicitando que se manifeste acerca da notícia veiculada pelo sítio “The Intercept”. Além disso, pede também a expedição de oficio ao Iphan solicitando que se manifeste acerca das questões relatadas na reportagem. As respostas devem ser encaminhadas ao MPF em até 15 dias.