10 benefícios que os conservadores ganharão caso desistam dos seus ódios sociais e políticos

Porque desmontar os ódios que foram incutidos em você pelas vertentes intolerantes do conservadorismo será uma das melhores coisas que terão acontecido em sua vida

Por Robson Fernando D., no Voyager

Os ódios sociais e políticos são algo muito comum entre os conservadores – inclusos aqueles que se mascaram de “liberais”.

Eles costumam acreditar que sua dedicação à intolerância e à violência contra quem é e pensa diferente, como minorias políticas, movimentos sociais e grupos de esquerda, irá “protegê-los” de um futuro calamitoso. Só que é essa própria atitude que está construindo as calamidades que eles tanto temem.

É muito possível dizer que, se desistissem dessa atitude e aceitassem uma vida de tolerância, respeito, aceitação, coexistência pacífica e convívio civilizado com o outro, tanto essas ameaças deixariam de existir como suas próprias vidas passariam a ser realmente felizes – na medida do possível, já que o capitalismo limita a possibilidade da maioria dos seres humanos de serem plenamente felizes e satisfeitos com suas vidas.

Se você é uma pessoa que reproduz alguns dos ódios a que este artigo se refere, saiba então como sua vida se tornará mais prazerosa, feliz e livre se você abrir mão deles e passar a se opor às campanhas políticas defensoras da intolerância.

Listamos a seguir dez benefícios que os conservadores e os demais seres humanos passarão a viver numa realidade futura em que o ódio ao outro se torne uma mera má lembrança do passado. Então, se você deseja vivê-las, leia este texto e experimente, a partir daí, cultivar só o bem ao próximo em seu jardim.

1. Mais felicidade

Ter ódio é a antítese de ser feliz e querer a felicidade de outrem. É possível dizer que odiar quem é diferente é a perfeita receita para se ter uma vida de infelicidade, mal-estar constante e frustração.

Afinal, quando você odeia, a existência e presença do odiado incomoda você o tempo todo. Impede você de ter uma vida com plenitude. O outro ser livre e feliz é motivo de tristeza e raiva para você, quando poderia, ao invés, fazer você se alegrar e se regozijar com o fato de que há pessoas sendo felizes no mundo e bons sentimentos brotando perto de onde você está.

Quando se odeia muitas categorias ao mesmo tempo então, como é o caso daqueles conservadores que são simultaneamente racistas, machistas, heterossexistas, elitistas, transfóbicos, gordofóbicos, intolerantes-religiosos, xenófobos etc., essa infelicidade pela alegria do outro é multiplicada pelo número de minorias e, em seguida, pelo número de pessoas felizes em cada uma delas.

Vive-se num mundo muito menor do que poderia ser, o mundo-bolha da “maioria” masculina-branca-hétero-endinheirada-cristã-conservadora-etc. que compõe uma pequena minoria numérica da população. Os muros do ódio sufocam a pessoa, bloqueiam sua liberdade, renovam sua insatisfação e raiva com o fato de existirem pessoas diferentes. Uma vida assim é, com toda certeza, uma vida infeliz.

Para curar essa infelicidade de viver apertado pelo ódio, nada melhor do que aceitar o outro do jeito que ele é, incondicionalmente. Respeitar e consentir que ele viva bem, feliz e livre à sua maneira. Reconhecê-lo como sujeito de direitos e liberdades. Querer não mais o mal e o entristecimento, mas sim o bem e a multiplicação da alegria no mundo.

Portanto, quanto mais você se livrar dos ódios sociais e políticos que tornam sua vida tão desconfortável e estressante e substituí-los pelo respeito incondicional, mais felicidade e satisfação com a vida você colherá.

2. Menos estresse e outros transtornos psiquiátricos

Uma vida mais feliz com menos ódios também é uma vida mais saudável, com menos estresse e transtornos psiquiátricos.

Isso é inclusive comprovado cientificamente [1]: a atmosfera de ódio e autoritarismo no mundo está adoecendo a mente das pessoas, e isso só se reverterá com a retração dessa intolerância e a restauração e evolução do espírito democrático e dos sonhos de um mundo melhor.

Aliás, há aqueles que acrescentam [2] que o complexo de ódios do conservadorismo contemporâneo é, em seu próprio direito, um estado de constante desequilíbrio mental e emocional.

Também há evidências de que o ódio social e político, num sentido mais geral, é, induz ou deriva de um estado de instabilidade psiquiátrica [3], que abrange problemas como transtornos de pensamento e transtorno de explosividade intermitente. O mesmo se aplica a preconceitos como o racismo e o antissemitismo: são marcadores de um estado mental não saudável e há debates sobre se as versões mais exacerbadas de intolerância devem ou não ser consideradas transtornos mentais por si sós. [4]
Portanto, abrir mão do ódio e substituí-lo pela tolerância (no melhor sentido possível da palavra) e pela boa vontade para com o outro será um grande alívio na sua saúde mental e emocional. Você perceberá o quanto sua mente vai se curar de muitos problemas a partir do momento em que você tomar o caminho da plena aceitação do próximo.

3. Mais liberdade de ser quem você é e não ser atado(a) a aprisionamentos morais e comportamentais

O ódio conservador é, por essência, uma intolerância à liberdade do outro e uma automutilação da própria liberdade individual daquele que odeia.

Quando o indivíduo é homofóbico e machista, por exemplo, negará a si mesmo a liberdade de fazer amizades realmente boas e de coração com homens gays e mulheres. Quando é racista e xenófobo, se priva de frequentar estabelecimentos onde há pessoas negras ou imigrantes de países como a China e regiões como o Oriente Médio trabalhando e, consequentemente, de desfrutar da qualidade dos produtos e serviços desses locais.

Outra maneira fundamental pela qual o ódio suprime a liberdade do odiento é a autorrepressão. O sujeito se autoproibirá de emular comportamentos considerados “femininos” ou “gays”, de ouvir funk carioca, de continuar sendo amigo de pessoas de esquerda que ele considerava muito antes de saber de sua orientação ideológica, de usar roupas de determinada cor, de ler determinados livros etc.

E muitas vezes o esforço de se autorreprimir e se forçar a corresponder a um padrão de comportamento extremamente estrito é tamanho que o desconforto psicológico é praticamente certo. A pessoa deixa de fazer aquilo que lhe daria prazer por causa de um ódio irracional que a impede de ser integralmente quem ela no fundo quer ser.

Ou seja, os ódios conservadores violentam o odiado e aprisionam sufocantemente o odiento. Portanto, se você quer ter a mais primal liberdade de ser quem você é e comportar-se como bem quiser – desde que não faça mal a outrem -, então exorcize esses ódios de sua vida.

4. Mais liberdades individuais diversas

Odiar e intolerar é negar que o outro seja livre e viva com plenitude e alegria. E muitas vezes leva a pessoa a apoiar líderes políticos cuja bandeira eleitoral é a supressão das liberdades individuais, como os conservadores radicais da estirpe de Trump e dos Bolsonaros.

Políticos desse tipo geralmente são aspirantes a ditadores, avessos aos direitos e liberdades do seu próprio povo. Não hesitam em proibir e reprimir a torto e a direito, mesmo que isso acabe prejudicando os seus próprios eleitores e apoiadores, e também quem não tem nada a ver com os conflitos ideológicos entre o governo autoritário e seus opositores, tal como ocorreu na ditadura civil-militar brasileira. Não é à toa que pessoas cheias de ódio que aderem a propostas nacionalistas de direita acabam se tornando seres muito pequenos e insignificantes numa suposta “pátria grande”. [5]

Além disso, aquele que odeia, mesmo que não apoie abertamente líderes autoritários, está se privando de liberdades individuais básicas. Por exemplo, as de ser amigo de quem ele quiser, vestir e se comportar como quiser, ouvir a música que lhe der na telha, considerar votar em políticos moderados que não se opõem radicalmente ao seu pensamento, declarar simpatia por aquele intelectual de esquerda que diz coisas que “até fazem sentido”, usufruir dos produtos e serviços de empresas cuja política institucional é de respeito às diferenças etc.

Portanto, se você preza por sua liberdade, reveja seus ódios sociais e políticos, porque eles impedem você de ser plenamente livre.

5. Mais paz – o que é ainda melhor do que simplesmente mais segurança

Quem neste mundo não quer viver num mundo de paz – que, a saber, é algo ainda mais sublime do que a mera segurança, a qual consiste em estar ou se sentir protegido num mundo violento?
Se você gosta de paz, então perceberá que a primeira coisa que precisa fazer para assegurá-la num futuro próximo é desfazer-se de seus ódios.

Afinal, uma das razões fundamentais da violência no mundo é os agressores odiarem, por iniciativa própria ou induzidos por propagandas ideológicas, suas vítimas. É desprezarem-nas, detestarem-nas e considerá-las seres indignos, repulsivos, que não merecem nem um pouco de sua misericórdia, empatia e compaixão.

Pense nos assaltantes de rua: muito provavelmente eles se induzem a odiar os assaltados, tanto que os ameaçam, lhes fazem mal, muitas vezes batem neles, pisoteiam-lhe a dignidade, não hesitam em matá-los caso resistam à ação criminosa.

Pense também nas guerras, como a Segunda Guerra Mundial: tudo começou a partir de diversos ódios cultivados pelos nazi-fascistas contra judeus, eslavos, comunistas, homossexuais, Testemunhas de Jeová etc. E agora líderes ultraconservadores “cristãos” defendem guerra contraos muçulmanos e os movimentos de esquerda, também por ódio e intolerância.

Nessa espiral maligna, o mundo se torna inseguro, porque muitas pessoas agem como se fossem incapazes de considerar moralmente aqueles que são diferentes. Nada disso aconteceria se o ódio não fosse um valor moral bem estimado em ideologias como o conservadorismo radical.

Portanto, o que você acha de começar a construir o mundo pacífico, mais que simplesmente seguro, com o qual sonha? Pois a primeira coisa que precisará fazer é tratar seu ódio a quem é e pensa diferente.

6. Uma vida realmente mais ordeira, tranquila e harmônica

Paradoxalmente, o conservador que odeia deseja ordem e harmonia, mas, ao mesmo tempo, rejeita a paz, tranquilidade e liberdade do outro e muitas vezes anseia por atentar contra a pessoa dele. É daí que nascem a desordem, a instabilidade, o crime, a desarmonia, o desentendimento.

Fica claro que o ódio ao outro é a fagulha que destrói qualquer estado de ordem local, nacional ou internacional. Seja o ódio ao estrangeiro, ou ao trabalhador, ou à religião que não é a sua, ou à maioria composta por minorias políticas etc., avacalha com um estado de coisas que, se houvesse a prevalência do respeito pleno e igualdade de consideração moral, poderia permanecer tranquilo e harmonioso.

Ou seja, se você quer um mundo de ordem e harmonia, ele nascerá a partir do momento em que você não mais odiar o próximo, e sim respeitá-lo e querê-lo bem.

7. Receber mais solidariedade e respeito por parte do restante da sociedade

Fala-se muito da Lei do Retorno: o que vai, volta. A Wicca tem uma versão interessante dela: a Lei do Tríplice Retorno – “Tudo aquilo que fizer retornará a você nesta vida multiplicado por três.” [6]

O cristianismo também utiliza sua própria versão dessa lei: “O que semear a perversidade segará males; e com a vara da sua própria indignação será extinto. O que vê com bons olhos será abençoado, porque dá do seu pão ao pobre.” (Provérbios 22:8,9) [7]

Ou seja, é um princípio moral que serve tanto para o bem como para o mal.

Portanto, é lógico perceber que quem dedica seu dia-a-dia a declarar ódio aos outros, será odiado. Quem mal-quer o outro, será malquisto. O preço da intolerância é não ser tolerado na sociedade.

Então, se você deseja ser respeitado e merecer a solidariedade das pessoas, não há outra maneira de garantir isso senão abrindo mão de seus discursos e atitudes de ódio e preconceito. Respeite para ser respeitado, aceite para ser aceito.

8. Chances maiores de viver sempre com dignidade e qualidade de vida e menores de cair na pobreza por causa de crises econômicas e maus governos.

O ódio tem implicações políticas severas, como foi mostrado no item 4. Apoiar políticos radicais por eles compartilharem com você a intolerância e o mal-querer por determinadas categorias sociais custará caro também para você.

Paralelamente, políticos conservadores e neoliberais não raramente são eleitos por quem deseja, no fundo, que a classe trabalhadora, as mulheres, as pessoas negras, as pessoas LGBTs etc. sejam postas “no seu lugar”, ou seja, relegadas à submissão.

Essa opção ideológica acaba implicando políticas de supressão e “flexibilização” de direitos diversos, como os trabalhistas, os sociais, os ambientais e até mesmo os direitos humanos mais básicos. Um exemplo disso é a atual cruzada do Governo Temer contra os direitos trabalhistas, os serviços públicos e a aposentadoria dos brasileiros.

Isso está fazendo um inestimável mal a todos, indistintamente de posição ideológica: dos socialistas assumidos até os conservadores, todos estão perdendo seus direitos. E nesse meio, também sendo privado destes, está você, que provavelmente apoiou o impeachment de Dilma Rousseff por puro ódio ideológico ao PT e à esquerda como um todo.

Em outras palavras, cultivar o ódio e conceder-lhes poderes políticos é a receita ideal para o odiento perder seus próprios direitos e ser condenado a cair na pobreza e na privação de condições decentes de vida. Livrar-se dessa atitude será essencial para que isso seja revertido, volte-se a vislumbrar uma vida digna e protegida por direitos e maus governantes, independente de ideologia, sejam vistos como aquilo que realmente são – políticos ruins que não merecem novos votos de confiança.

9. Mais poderes de decidir os destinos do país – ou seja, mais e melhor democracia

Votar por ódio leva à eleição e posse de políticos autoritários, cujo programa político é baseado não em construir um país melhor e proteger a dignidade dos cidadãos, mas sim em suprimir direitos, perseguir minorias políticas e movimentos sociais, promover violências e injustiças rasgando a lei, degradar a democracia e tornar a política uma ditadura, sutil ou explícita, em que os políticos curtem os privilégios de governar em causa própria.

Com isso, por causa do ódio de muitos eleitores, os cidadãos todos, inclusos os que levaram sua intolerância à cabine da urna, perdem seus direitos e o pouco de poder político decisório que ainda possuíam.

Se você ainda quer ser ouvido no país em que vive, se deseja continuar tendo o poder de, pelo menos, votar em alguém e esse voto ser levado a sério, então proteja esse direito. Desmonte os ódios sociopolíticos que residem dentro de você.

Isso será muito benéfico para você e os demais brasileiros. Afinal, não só seus direitos serão protegidos, como também o respeito às diferenças será um fator protetor da democracia e do bem-estar de todos. Numa sociedade em que o ódio ficou relegado a um passado vergonhoso, você terá cada vez mais condições de ajudar o país e a sociedade a melhorarem cada vez mais, e nenhum voto mais será dedicado a fazer o mal para outrem.

10. A garantia de que seus direitos fundamentais são para sempre

Como foi abordado em vários itens anteriores, o ódio destrói democracias, elimina direitos, silencia cidadãos e os submete a ditaduras. É possível dizer que curar o ódio e o preconceito é um bom atalho para que os princípios da democracia, os quais asseguram que você seja respeitado, usufrua de direitos e tenha sua vida e integridade protegidas pelo poder público, sejam preservados e também aprimorados.

Experimente substituir seus ódios e preconceitos por valores positivos, como aceitação, tolerância, civilidade, empatia, compreensão e curiosidade. Além de fazer você ter uma vida melhor em muitos sentidos, dará a você a garantia de que seus direitos políticos, civis, sociais, culturais e ambientais são para sempre, e que nenhum político mal-intencionado irá, com a bênção de quem acha que o ódio é “bom” para a política, roubá-los de você.

Bônus: a sensação de que o mundo quer você bem e contribuirá positivamente para o seu bem-estar

Como foi dito no item 7, parar de odiar é uma maneira certeira de assegurar que você será respeitado e bem-quisto pela sociedade, já que não fará mal a ninguém e, pelo contrário, distribuirá respeito, harmonia e “boas vibrações” para as pessoas.

Você verá: sem os tradicionais ódios que você foi ensinado a ter por minorias políticas e pessoas com posições ideológicas diferentes das suas, sua vida se tornará muito mais agradável e abençoada pelo mundo. A sociedade irá querê-lo bem, contribuirá para o seu bem-estar, já que retribuirá o respeito que você passou a prover aos outros.

Considerações finais

Desmontar os ódios que foram incutidos em você pelas vertentes intolerantes do conservadorismo será uma das melhores coisas que terão acontecido em sua vida.

Você se tornará um ser humano mais feliz, livre, digno, respeitador e respeitado. Terá seus direitos preservados e progressivamente melhorados e ampliados, sua voz levada em consideração nas decisões políticas. Estará protegido da sanha de ditadores, políticos corruptos e outros fazedores de mal que sobem ao poder sob as graças da intolerância, da ignorância e do preconceito.

Então, opere essa mudança na sua vida. Odeie cada vez menos. Respeite, aceite e acolha cada vez mais. O mundo agradecerá e lhe retribuirá com todo carinho.

Referências

[1] El País – A guinada ao autoritarismo nos deixa doentes
[2] KUHLE, Barry X. – Conservatism as a Mental Illness  parte 1 e parte 2
[3] Psych Central – Is Hatred a Mental Illness?
[4] Psychiatric Times –  Is Bigotry a Mental Illness?
[5] Consciencia.blog.br – “Pátria grande”, seres humanos pequenos: como o nacionalismo apequena os cidadãos do país “engrandecido”
[6] Bruxas e Druídas – A Lei Tríplice
[7] Bíblia Online – Provérbios 22

 

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