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Morreu neste sábado a ialorixá, escritora e militante de Direitos Humanos Beatriz Moreira da Costa, a Mãe Beata de Iemanjá, aos 86 anos. A família não divulgou a causa da morte. No próximo dia 7, Mãe Beata iria receber a Medalha Tiradentes da Alerj, através de um projeto do deputado Marcelo Freixo (PSOL). O parlamentar disse que a cerimônia de entregada medalha vai ser mantida.
— Ela é um símbolo muito forte para a história da cidade, enquanto mulher e liderança religiosa. A gente quer aquilo que ela representou: o encontro da diferença, da superação. Que suas lições fiquem para um Rio melhor — assinalou Freixo.
Nascida em Cachoeira, no Recôncavo Baiano, a sacerdotisa chegou ao Rio de Janeiro em 1969 e escolheu a cidade para viver e criar os quatro filhos. Além do terreiro de candomblé Ilê Omi Oju Arô, fundado há 32 anos no bairro Miguel Couto, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, a ialorixá era militante social. Desenvolveu e participou de atividades de combate à intolerância religiosa, à discriminação racial e de gênero, à violência contra a mulher, de prevenção das DSTs/HIV/Aids e câncer de mama, e de defesa do meio ambiente.
Seu terreiro foi Ponto de Cultura com oficinas de dança, música, artes e geração de renda. Lá, a sacerdotisa tinha planos de construir uma biblioteca. Mãe Beata também era presidente da Ong Criola (organização de mulheres negras que atua contra o racismo e o sexismo) e integrante do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher – CEDIM e conselheira do Projeto Ató Ire – Saúde dos Terreiros e também da Ong Viva Rio.
Escreveu os livros “Caroço de dendê: a sabedoria dos terreiros”, “Histórias que minha avó contava”, “Tradição e Religiosidade”, “O Livro da Saúde das Mulheres Negras”. O sepultamento será às 16h45 deste sábado no Cemitério de Nova Iguaçu.
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Mãe Beata de Iemanjá, Foto: Roberto Moreyra/ Agência O Globo, 03/05/2017