PI – Teresina: Grupo fecha via com fogo e protesta contra derrubada de 200 árvores na Praça das Ações Comunitárias

Manifestantes estão desde outubro do ano passado acampados em praça. Prefeitura de Teresina pretende construir terminal de integração no espaço.

Catarina Costa e Gilcilene Araújo, do G1 PI

Acampados há três meses na Praça das Ações Comunitárias no Parque Piauí, Zona Sul de Teresina, em protesto contra a derrubada de mais de 200 árvores, moradores voltaram a fazer uma nova manifestação na manhã desta quarta-feira (13) após a Justiça ter autorizado a continuidade das obras do Terminal de Integração.

Revoltados, os manifestantes derrubaram as estruturas colocadas pela Prefeitura ainda no início dos trabalhos e chegaram a atear fogo na madeira que seria usada para construir a casa de repouso dos operários. Por alguns instantes as avenidas Juarez Távora e Henrry Wall de Carvalho, sentido Sul/Centro ficaram interditadas.

Desde outubro de 2015, moradores, estudantes, ambientalistas e populares sensíveis à causa têm se mobilizado. O objetivo deles, que deu origem ao movimento “Ocupapraça“, é impedir que o Terminal de Integração seja construído e derrube as árvores, muitas delas centenárias, localizadas no local.

A autorização foi dada pelo juiz Jorge Cley Martins Vieira, da 2ª Vara dos Feitos da Fazenda Pública da Comarca de Teresina. Em sua decisão, ele diz que o Sistema de Transporte Coletivo Integrado planejado pela Prefeitura de Teresina “trará inquestionáveis benefícios à toda população teresinense, inclusive, na esfera ambiental com a redução significativa da emissão de gases poluentes, que influenciam ainda mais no aquecimento da cidade”.

Segundo Francisco José da Silva,  coordenador do movimento Ocupapraça, os moradores não são contrários à construção do terminal, mas não concordam com a edificação da estrutura na praça.

“A Prefeitura não respeitou o prazo de recurso da decisão judicial. Eles estão afrontando os nossos direitos. Não queremos que o terminal seja construído neste local, nós sugerimos que o terminal fosse construído ao lado do Distrito Industrial que fica localizado no outro lado rua, inclusive, lá há vários prédios abandonados, mas ao invés disso, eles preferem destruir o patrimônio público, destruir nossa praça”, declarou.

Francisco José da Silva lembra que há alguns anos não existia a Praça do Parque do Piauí, pois o local estava abandonado com esgotos a céu aberto e, segundo ele, foram os moradores que se organizaram e fizeram a reurbanização do local.

O professor Augusto Cesar foi ao local acompanhar a mobilização e se demonstrou contrário à construção do terminal. Para ele, a Prefeitura de Teresina deveria ter ouvido os moradores da região antes de iniciar o projeto.

“O prefeito deveria ter contratado um arquiteto que fizesse um projeto possibilitando a permanência das arvores no local. Esta praça representa a identidade do bairro no local. Não vamos aceitar”, afirmou.

Mais de 200 árvores devem ser retiradas da Praça (Foto: Beto Marques)
Mais de 200 árvores devem ser retiradas da Praça (Foto: Beto Marques)

Corte de árvores é garantido
Na decisão, o juiz Jorge Cley Martins Vieira justificou ainda que a Prefeitura de Teresina comprovou a existência de licença ambiental, bem como apresentação por parte do município detalhado estudo de levantamento e análise técnica ambiental.

Com os documentos apresentados, o município demonstrou a necessidade de arborização da área do terminal com espécies de árvores nativas, incluindo a compensação com o plantio em dobro das espécies retiradas do local para a viabilidade da obra.

“A legislação pertinente veda o corte de árvore sem a devida autorização, situação inocorrente no presente caso, em que há a devida autorização para o corte, mediante compensação em dobro das espécies suprimidas”, fundamentou o magistrado.

A decisão considerou ainda que a proteção ao meio ambiente é importante, mas não pode impedir o desenvolvimento econômico e social.

Confira aqui a decisão judicial.

Imagem destacada: Moradores atearam fogo em madeiras durante o protesto em Teresina (Foto: Catarina Costa/G1)

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Diogo Rocha.

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