Durante encontro estadual em SC, atingidos denunciam modelo energético e homenageiam lutadores históricos

MAB

Durante os dias 18 e 19 de fevereiro, aproximadamente 200 pessoas participaram, na Comunidade de Santa Fé Baixa, no município de Itapiranga (SC), do Encontro Estadual dos Atingidos por Barragens.

O projeto de construção de barragens na bacia do Rio Uruguai desperta, há mais de trinta anos, a indignação dos agricultores e moradores dos municípios da região. O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), durante essas três décadas, sempre denunciou o Estado Brasileiro e as grandes empresas do setor de energia de serem responsáveis pela expulsão de milhares de famílias, sem a devida reparação dos direitos.

A luta histórica dos atingidos iniciou no final da década de 70 e perdura até os dias atuais, com episódios de extrema tensão entre atingidos e representantes do Estado e empresas privadas. Não foram poucos os momentos de enfrentamento e expulsão de técnicos das empresas das propriedades que seriam alagadas pela água.

Durante o encontro, representantes da coordenação estadual do MAB denunciaram “a situação vergonhosa” que o Brasil se encontra por ainda não ter criado uma política de direitos para os atingidos. Além disso, também foi discutido as causas dos aumentos extraordinários verificados nas contas de luz no último ano.

O integrante da coordenação do MAB em Santa Catarina, Pedro Melchior, denuncia que ainda hoje há medidas de extrema violência e negação dos direitos dos atingidos na barragem de São Roque, onde “a empresa Engevix age com exacerbada truculência e autoritarismo, inclusive violando os direitos de menores”.

Homenagens

No primeiro dia de encontro, o MAB homenageou mais de vinte pessoas e organizações que contribuíram ou contribuem ativamente na luta do movimento, como falecido bispo da Diocese de Chapecó, D. José Gomes, o pastor da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Guinter Wolff, o ex- ministro José Fritsch, e as lideranças atingidas, José Hélio Mecca e Arsélio Mossman.

O encontro contou também com um momento de estudo sobre a luta do MAB na construção da Política Nacional de Direitos de Atingidos – PNAB, seguindo com depoimentos de atingidos das barragens de Itapiranga, foz do Chapecó, Itá, Barra Grande, Campos Novos, São Roque e Rio Chapecó, trazendo presente denuncias de violação de direitos na trajetória da organização, bem como a luta dos atingidos para conquistar os direitos nestas barragens.

A atividade terminou com uma caminhada na cidade de Itapiranga, com apoio do comércio local que fechou as portas por uma hora, para denunciar as violações da barragem de Itapiranga, os altos preços da luz.

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Imagens: Reprodução do MAB.

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