O terceiro filho de Niwatima Avá-Canoeiro e Kapitomy’i Tapirapé (conhecido por Parazinho) nasceu na madrugada desta segunda-feira (4). Agora são nove o número de indígenas Avá-Canoeiro na terra indígena situada no município de Minaçu, estado de Goiás. A criança nasceu de parto normal e passa bem.
Os Avá-Canoeiro pertencem a um ramo da família linguística Tupi-Guarani que ocupava amplos domínios, ao longo do médio e baixo rio Tocantins, entre os estados de Goiás e Tocantins. De acordo com os primeiros registros escritos, do final do século XVIII e início do século XIX, os Avá-Canoeiro evitaram contato direto com populações de municípios e vilas das regiões em que habitavam até o final da década de 70, resistindo a processos de colonização, aldeamentos, ações missionárias, frentes de expansão agropastoris, e vivenciando conflituosos processos que resultaram em grande perda populacional do grupo devido a guerras e massacres.
A perseguição incessante e o extermínio da maioria do grupo levaram à sua dispersão e fragmentação. Parte do grupo continuou vivendo no rio Tocantins, enquanto outra parte chegou ao rio Araguaia.
O subgrupo que hoje vive no município de Minaçu, após passar por um longo período de fugas, buscou espontaneamente contato direto com a população regional em 1983. Em seguida, foi instalado em um Posto Indígena da Funai, nas margens do rio Maranhão. O grupo era formado por apenas quatro pessoas consideradas pela Funai como de recente contato.
O efetivo respeito às dinâmicas sociais indígenas em suas relações com a sociedade nacional exige do Estado o desafio da implementação de uma política indigenista não assimilacionista, pautada na defesa de direitos dos povos indígenas e observadas as singularidades dos diversos grupos.
Contudo, para alguns grupos, como é o caso dos Avá-Canoeiro, esse desafio parece ainda maior tendo em vista o alto grau de vulnerabilidade de um povo em que somente quatro indivíduos resistiram aos massacres históricos, e que não domina a língua portuguesa e os códigos da sociedade nacional.
Quando contatados oficialmente pela Funai, em 1983, os quatro Avá-Canoeiro de Minaçu eram: a mais velha Matxa, hoje com idade estimada em 78 anos; Nakwatxa, de 73 anos; Iawi, de 55 anos; e Tuia, de 43 anos.
Atualmente esse grupo, contatado e aldeado, habita uma aldeia na TI Avá-Canoeiro e soma nove indivíduos, sendo os quatro contatados em 1983, mais os dois filhos de Tuia e Iawi: Jatulika (ou Trumak), de 29 anos, e Niwatima, de 27 anos; e os três filhos de Niwatima e Kapitomy’i Tapirapé: Paxeo, de 4 anos, Wiro’i, de 1 ano e o recém-nascido.
Colaboração: Coordenação-Geral de Índios Isolados e Recém Contatados e Coordenação Técnica Local de Minaçu.
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Foto: Acervo Funai
Enviada para Combate Racismo Ambiental por Íris Morais de Araújo.