Instituições mobilizam campanha global contra a petroleira Chevron

A petroleira se recusa a pagar sentença para reparação de atingidos na Amazônia equatoriana. Eles recebem a solidariedade de movimentos sociais e organizações de diversos países. No Brasil, a FASE tem acompanhado a questão

Na Fase

O 21 de maio foi escolhido como o Dia Internacional Antichevron¹ para protestar contra o crime ambiental cometido pela Chevron no Equador. A petroleira foi condenada a pagar US$9,5 bilhões na justiça equatoriana, mas segue se recusando a cumprir a sentença. Cerca de 480 mil hectares de floresta amazônica foram contaminados² e mais de 30 mil pessoas aguardam por justiça, segundo dados da Unión de Afectados por la Petrolera Chevron-Texaco (UDAPT).

Como a empresa não tem mais bens no Equador, atingidos recorreram à Justiça de outros países onde a Chevron possui empreendimentos, dentre eles o Brasil. No site Chevron Toxico, há bastante material em inglês e, no portal, Texaco Tóxico em espanhol. A FASE tem acompanhado o desenrolar do caso no Brasil. A primeira sentença a favor de indígenas e colonos equatorianos prejudicados pelos danos ambientais causados pela Texaco (atual Chevron) nas províncias de Orellana e Sucumbíos completou 5 anos (14 de fevereiro) e até agora nada de pagamento.

Aqui existiu uma floresta

O escritor e jornalista uruguaio Eduardo Galeano (1940-2015) – ativista das políticas de esquerda no continente sul-americano e ganhou o prêmio Internacional de Direitos Humanos através da Global Exchange -, em 2012 escreveu sobre a selva amazônica e a exploração de petróleo na região. O texto é fonte para a luta contra a Chevron Texaco.

“Milagre na selva amazônica: no ano de 1967, um grande jorro de petróleo brotou do lago Agrio.

A partir de então, a empresa Texaco se sentou à mesa, guardanapo no pescoço e garfo na mão, se fartou de engolir gás e petróleo durante um quarto de século, e cagou sobre a floresta equatoriana setenta e sete bilhões de litros de veneno. Os indígenas não conheciam a palavra contaminação.

Aprenderam-na quando os peixes morriam de barriga para cima nos rios, as lagoas ficavam salgadas, as árvores das margens secavam, os animais fugiam, a terra já não dava frutos e a gente nascia doente.

Muitos presidentes do Equador, todos acima de qualquer suspeita, colaboraram com essa tarefa, que foi desinteressadamente aplaudida pelos publicitários que a exaltaram, os jornalistas que a decoraram, os advogados que a defenderam, os especialistas que a justificaram e os acadêmicos que a absolveram”.

(Retirado de Los hijos de los días, Ed. Siglo XXI, Buenos Aires, 2012)

[1] Com informações da Fundação Rosa Luxemburgo.

[2] Foto: Uma das mil piscinas de petróleo abandonadas pela Chevron no Equador (UDAPT – 2005).

 

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