Fórum Gaúcho de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos divulga nota contra a pulverização aérea para o controle do mosquito aedes aegypti

Documento foi aprovado em reunião realizada na última sexta-feira (24), na Capital

MPF/RS

O Fórum Gaúcho de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos (FGCIA) – com a participação do Ministério Público Federal no Rio Grande do Sul (MPF/RS), do Ministério Público do Trabalho e do Ministério Público do Estado – lançou nota de repúdio contra a liberação da pulverização aérea de agrotóxicos nas cidades para controle do mosquito transmissor da dengue, chikungunya e zika, unindo-se à mobilização da sociedade brasileira pelo veto presidencial ao art. 1º, §3º, IV, do Projeto de Lei de Conversão nº 9/2016.

O documento foi aprovado em reunião ordinária realizada na última sexta-feira (24), na sede do MPF/RS, na Capital, conduzida pela coordenadora do FGCIA, a procuradora da República Ana Paula Carvalho de Medeiros.

Confira a íntegra da nota:

NOTA CONTRA A PULVERIZAÇÃO AÉREA DE AGROTÓXICOS NAS CIDADES

O FÓRUM GAÚCHO DE COMBATE AOS IMPACTOS DOS AGROTÓXICOS alerta a população sobre os riscos que a pulverização aérea de agrotóxicos, da classe de uso inseticida, representa à saúde.

O Programa Nacional de Controle da Dengue define as diretrizes básicas e os procedimentos para a vigilância entomológica e o controle vetorial, o qual deve priorizar ações de saneamento ambiental e infraestrutura urbana. A diminuição da população de mosquitos ocorre a partir da eliminação dos focos, que são preferencialmente criadouros artificiais decorrentes de resíduos sólidos inadequadamente descartados em áreas urbanas. Os planos de controle devem primeiramente esgotar os meios mecânicos e de infraestrutura urbana, bem como as demais ações de vigilância em saúde, comunicação, educação e mobilização social.

O mosquito transmissor da dengue, chikungunya e zika é um inseto doméstico, que vive dentro ou ao redor de domicílios ou outras construções frequentadas por pessoas. Assim, não se justifica a pulverização aérea de inseticidas, com seus graves riscos, inclusive decorrentes da dispersão do produto (deriva), que pode atingir casas, hospitais, escolas e outros locais distantes do alvo.

Como alertado pelo Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (CONASS) e pelo Conselho Nacional dos Secretários Municipais de Saúde (CONASEMS), “a exposição da população aos agrotóxicos, a potencial contaminação de corpos hídricos e de alimentos, o desequilíbrio ecológico causado pela inespecificidade dos inseticidas e a possibilidade de deriva do produto para além das áreas pré-estabelecidas, se configuram em importantes riscos…”

Ressalta-se que os agrotóxicos utilizados para controlar vetores possuem os mesmos princípios ativos daqueles usados na agricultura e pertencem, principalmente, ao grupo dos piretróides e organofosforados, que têm impactos danosos sobre a saúde e, aplicados desta forma, expõem todas as pessoas a efeitos deletérios, situação que é mais grave e prejudicial aos bebês, crianças, gestantes, lactantes, idosos e pessoas com saúde fragilizada.

Por essas razões, o Fórum Gaúcho de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos posiciona-se veementemente contra a liberação da pulverização aérea para controle do mosquito transmissor da dengue, chikungunya e zika, e une -se à mobilização da sociedade brasileira pelo veto presidencial ao art. 1º, §3º, IV, do Projeto de Lei de Conversão nº 9/2016.

Porto Alegre, 24 de junho de 2016.

As entidades que compõem o Fórum Gaúcho de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos são as seguintes:

Associação Brasileira de Agroecologia – ABA;

Associação Ijuiense de Proteção ao Ambiente Natural – AIPAN;

Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC;

Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural – AGAPAN;

Associação Gaúcha Pró-Escolas Famílias Agrícolas – AGEFA;

Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul – AJURIS;

Brigada Militar;

Centrais de Abastecimento do RS – CEASA/RS;

Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor – CAPA – Núcleo de Pelotas;

Centro de Referência em Saúde do Trabalhador – CEREST Porto Alegre;

Centro Ecológico;

Comissão da Produção Orgânica do Estado do RS-CPOrg-RS/SFA/RS;

Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável do RS – CONSEA/RS;

Conselho Estadual de Saúde – CES/RS;

Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Sul – CREA/RS;

Conselho Regional de Farmácia – CRF-RS;

Conselho Regional de Medicina do Estado do RS – CREMERS;

Conselho Regional de Nutricionistas-2ª Região – CRN-2;

Coordenadoria-Geral de Vigilância em Saúde do Município de Porto Alegre;

Delegacia de Proteção do Meio Ambiente da Polícia Civil;

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA;

Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Sul – EMATER/RS;

Escola de Saúde Pública do RS; Federação Apícola do Rio Grande do Sul;

Federação dos Trabalhadores na Agricultura do RS – FETAG;

Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler – FEPAM;

Fórum Fome Zero Porto Alegre; FUNDACENTRO-RS;

Frente Parlamentar Gaúcha em Defesa da Alimentação Saudável;

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA;

Instituto de Pesquisas Biológicas – Laboratório Central de Saúde Pública do Estado/Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde – IPB-LACEN-FEPPS;

Laboratório Nacional Agropecuário – LANAGRO;

Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA;

Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul;

Ministério Público do Trabalho – Procuradoria Regional do Trabalho da 4ª Região/RS;

Ministério Público Federal – Procuradoria da República no RS;

Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional RS – OAB/RS;

Pastoral da Ecologia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB-Sul III-RS;

Polícia Federal – Superintendência Regional/RS;

Pontifícia Universidade Católica do RS – PUCRS;

Programa Estadual de Defesa dos Consumidores – PROCON-RS;

Rede de Mulheres Negras para Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional – REDESSAN;

Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio do Rio Grande do Sul – SEAPA/RS;

Secretaria do Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo do Rio Grande do Sul – SDR/RS;

Secretaria do Trabalho e do Desenvolvimento Social do Rio Grande do Sul;

Secretaria do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Rio Grande do Sul – SEMA/RS;

Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul – SES/RS;

Superintendência da Receita Federal do Brasil/RS;

Superintendência Federal de Agricultura-RS; Superintendência Regional do Trabalho e Emprego-RS;

Universidade Estadual do Rio Grande do Sul – UERGS;

Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS.

Imagem: Mosquito aedes aegypti, vetor de doenças como dengue, febre amarela, chikungunya e zika virus (James Gathany)

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