Por Adriano Pereira
Em Valença, Bahia, próximo ao Alto do Amparo, com cerca de 50 metros de altura e dúvidas sobre sua idade (seriam 400 ou 700?), uma frondosa árvore da espécie Bertholletia Exelsa, mais conhecida como Castanha do Pará, vem dividindo opiniões.
De acordo com o senhor Sílvio, proprietário do terreno, há mais de 20 anos ele vem lutando para uma solução para a planta que encontra-se ferida. Este exemplar raro é único em Mata Atlântica e “atualmente esta espécie ‘está’ considerada em risco de extinção de acordo com a Lista das Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção (Portaria MMA Nº 443, de 17 de dezembro de 2014) sendo enquadrada como Espécie Ameaçada na categoria Vulnerável.” (p.13)
O estudo que completará um ano, foi realizado em 27 de Julho e 28 de Agosto de 2015 pela empresa Bioconsultora Ambiental … e seguiu os critérios de “utilização da metodologia Tree Risk Assessment Qualification – TRAQ, desenvolvida pela Sociedade Internacional de Arboricultura – ISA (sigla em inglês), como um conjunto de técnicas que visam promover a segurança das pessoas e dos patrimônios públicos e privados, através de uma abordagem sistemática e padronizados de avaliação do risco de árvores.” (p. 4), que constatou o risco MODERADO de queda. (p.48)
Porém, como aponta o relatório, também na página 48, houve LIMITAÇÃO na avaliação da extensão do apodrecimento do cerne – anat.bot parte interna do tronco das árvores -, além de sugerir que “Para um melhor conhecimento da extensão da lesão verificada e maior clareza sobre a gravidade da mesma, é sugerida a vistoria na parte superior da árvore por arborista treinado em escalada de árvores, e a avaliação da lesão por tomógrafo sônico e tomógrafo de resistência elétrica, o que permitiria uma melhor compreensão da situação fitossanitária da árvore.”
Óbvio que essa recomendação não invalida o resultado do relatório, mas pode apontar uma saída sem que haja a derrubada da árvore! Conhecendo o estado fitossanitário da castanheira é possível encontrar métodos para tratar a parte do tronco afetada por fungos e umidade… é justamente por isso que brigamos e procuramos entender através de novo laudo.
Existem BRECHAS no laudo da castanheira (p.49) e se derrubarem sem as precauções prévias estarão cometendo um CRIME! É sugerido: “Poda dos galhos inferiores que se projetam para baixo em direção sudeste sobre as residências e que apresentam risco residual PEQUENO”; “Poda de limpeza e conformação visando equilibrar o peso e distribuição da copa, através da remoção de epífitas, cipós, trepadeiras, e galhos mortos ou de maiores dimensões, que apresenta risco residual MODERADO”. (p.49).
O laudo ainda possibilita fazer a escolha em manter a árvore no local pois entende “a importância sócio-histórico-cultural da árvore para os cidadãos do município de Valença, conforme clara percepção e manifestações espontâneas de populares”. Dessa forma foi protocolado no dia 15/07/2016, no Ministério Público de Valença petição para suspender o corte e acompanhar com mais cautela o processo levantado pelo relatório garantindo medidas PREVENTIVAS que seria “I – Contratação de arborista experiente em técnicas de escalada em árvores para vistoria na parte superior da árvore, visando um melhor conhecimento da extensão da lesão no tronco e da gravidade potencial da mesma, e a avaliação da lesão por tomógrafo sônico e tomógrafo de resistência elétrica, o que permitiria uma melhor compreensão da situação fitossanitária da árvore. O arborista treinado em escalada de árvores poderia ainda fazer a poda dos galhos que apresentam risco mais imediato de queda”. (p.49)
Esperamos que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente juntamente ao CODEMA e Câmara de Vereadores invistam em outros procedimentos que garantam medidas preventivas para manter a castanheira e implementar projeto para construção de memorial com a criação de mirante no local e venda de mudas e frutos que gerariam renda para a própria família dona do terreno, garantindo o equilíbrio de todos. Entendemos a preocupação dos moradores do entorno. Por esta razão, solicitamos urgente a adoção das medidas necessárias na busca de alternativas que podem e devem também incluir a iniciativa privada ou até mesmo os municípios vizinhos e o Governo da Bahia, dada a dimensão da árvore citada. Solicitamos o apoio de tod@s em defesa da Castanheira.
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Enviada para Combate Racismo Ambiental por Jefferson Duarte Brandão.