Seminário apresentará pesquisa sobre doença respiratória aguda em crianças Guarani

No Informe ENSP

A Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) promoverá, na quarta-feira, 3 de agosto, o seminário de devolutiva do projeto Doença respiratória aguda e fatores associados em crianças Guarani menores de um ano de idade: um estudo em coorte de nascimentos indígenas no Sul e Sudeste do Brasil, financiado com recursos da segunda edição do Programa Inova ENSP.

Coordenado pelo pesquisador do Departamento de Endemias Samuel Pessoa (Densp/ENSP) Andrey Moreira Cardoso, o projeto teve por objetivo analisar a magnitude das doenças respiratórias agudas e de fatores associados no primeiro ano de vida em nascimentos ocorridos nos anos de 2012 e 2013 na etnia Guarani, residente nos litorais Sul e Sudeste do Brasil. Segundo o pesquisador, o estudo buscou, ainda, estruturar um sistema de vigilância de doença respiratória aguda nas aldeias litorâneas de ocupação da etnia. A apresentação, aberta a todos os interessados, ocorrerá às 14 horas no salão internacional da ENSP.

De acordo com Andrey, a revisão da literatura evidencia a importância das infecções respiratórias agudas na morbimortalidade mundial, principalmente na dos países em desenvolvimento e populações menos favorecidas, com restrição de acesso aos serviços de saúde e em condições vulneráveis de vida. “Algumas dessas situações coincidem com aquelas encontradas nas aldeias indígenas Guarani no Sul e Sudeste do Brasil e também no restante da população indígena que vive em território brasileiro.”

Conforme explicação do pesquisador, em um estudo de caso-controle sobre fatores de risco para hospitalização por doença respiratória aguda baixa e em estudos descritivos associados a respeito da morbidade hospitalar e mortalidade, confirmou-se a extrema relevância epidemiológica das doenças respiratórias agudas entre as crianças Guarani, nas quais foram observadas elevadas taxas de hospitalização por essas causas, associadas clinicamente à sibilância – sonoridade aguda ou chiada produzida pelas vias respiratórias, geralmente é ouvida quando se tem alguma enfermidade nos pulmões, brônquios ou via respiratória -, com risco inversamente relacionado à idade.

“Ao aplicar à população Guarani menor de 5 anos estimativas da incidência ajustada de casos de pneumonia clínica comunitária e da proporção esperada de hospitalizações por essa causa, foi verificado que a taxa de hospitalização Guarani corresponde àquela observada em populações com as maiores incidências de pneumonia clínica no mundo. Diante dessa comparação, levantaram-se como hipóteses que a incidência de Infecção Respiratória Aguda (em particular de pneumonia clínica) entre os Guarani seja realmente elevada, resultando em proporções elevadas de hospitalização, ou que a incidência não seja tão alta, mas o manejo clínico dos casos no nível primário de atenção seja insuficiente para evitar as hospitalizações”, alertou ele.

Segundo Andrey, entre os fatores de risco identificados com maior magnitude, teve destaque o baixo peso ao nascer, não sendo possível identificar suas causas, que podem ser bastante diferentes das verificadas na população geral, considerando a elevada prevalência de partos indígenas domiciliares. No entanto, outros fatores de risco para doença respiratória aguda baixa, definidos ou prováveis, não foram idealmente caracterizados entre os Guarani, como a ausência de aleitamento materno exclusivo nos primeiros meses de vida e a exposição ao fumo dos pais.

O estudo visou contribuir para o planejamento de intervenções diferenciadas a fim de reduzir a incidência de pneumonias clínicas, hospitalizações por doença respiratória aguda baixa e de custos relacionados, bem como reduzir o risco de morte por doença respiratória aguda baixa. “A confirmação etiológica dos casos de Infecção Respiratória Aguda pode orientar a terapêutica e as medidas de prevenção e de promoção da saúde, inclusive permitindo análise do esquema vacinal proposto aos povos indígenas”, apontou Andrey.

Além de analisar a magnitude das doenças respiratórias agudas e propor a estruturação de um sistema de vigilância de doença respiratória aguda nas aldeias litorâneas de ocupação da etnia Guarani, o estudo buscou, ainda, identificar fatores de risco para doença respiratória aguda, pneumonia clínica e sibilância no primeiro ano de vida de nascimentos de crianças indígenas Guarani, além de realizar diagnóstico etiológico das pneumonias clínicas e nos casos de doença respiratória aguda hospitalizados.

Os resultados do estudo Doença respiratória aguda e fatores associados em crianças Guarani menores de um ano de idade: um estudo em coorte de nascimentos indígenas no Sul e Sudeste do Brasil poderão ser conferidos no seminário, que não necessita de inscrição prévia e é aberto a todos os interessados.

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