Incêndio na TI Arariboia começou há mais de 30 dias e apenas 18 Guajajara o combatem: “O Ibama não apareceu, estamos sozinhos”

No Cimi

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou mais de 53 mil focos de queimadas e incêndios florestais no país até a última sexta-feira, 5, e alguns destes focos aparecem no mapa como pequenas ilhas na área central do Maranhão. Estas ilhas de fogo queimam mais uma vez a Terra Indígena (TI) Arariboia, dos povos Tenetehar/Guajajara e Awá-Gujá em situação de isolamento voluntário. Os Guajajaras se dividem em brigadas, contando até com crianças, para impedir o avanço das chamas que há cerca de 30 dias consomem o território. 

“Até o início dessa semana estávamos com 30 Guajajara na brigada, agora temos só 18. Trabalhamos desde muito cedo. O Ibama não apareceu, estamos sozinhos. Outras autoridades responsáveis também não apareceram”, explica Zezico Guajajara. O indígena está no combate ao fogo há um mês. Ele explica que as chamas correm para a região de perambulação dos Awá livres, mas também para as aldeias Tenetehar/Guajajara.

“Tá repetindo o ano passado. Apenas não dá pra dizer ainda que é criminoso, precisa investigar. Ano passado foi criminoso. O Ibama mesmo disse. O importante agora é o Ibama chegar aqui e não deixar ficar grande. Estamos numa luta aqui e pedimos ajuda”, diz Zezico. De acordo com o Guajajara, os focos de incêndio estão concentrados na região de Angico Torto e Zutiua, na TI Arariboia.

Em outubro de 2015, conforme monitoramento do Greenpeace, o incêndio florestal já tinha consumido cerca de 190 mil (45%) dos 413 mil hectares que constituem a TI Arariboia. Um drama revivido pelos Tenetehar/Guajajara e também pelos povos isolados, que tiveram sua opção de vida livre em risco pela Funai. O Inpe informa que o tempo seguirá seco. A informação é particularmente ruim para o combate aos focos de incêndio naquela região.

Uma campanha de pedido de socorro à Arariboia foi colocada em andamento pelos indígenas nas redes sociais.Conforme os Guajajara têm divulgado em comunicados nas redes sociais, até o momento os indígenas contam apenas com a brigada do PrevFogo, composta pelos próprios indígenas, e que é insuficiente para combater as chamas que avançam. “As queimadas já duram mais de 30 dias e até agora nenhum autoridade na região para tentar combater mais essa enorme queimada que já está chegando onde os indígenas Awá isolados vivem (..) portanto, correm risco de vida”, diz trecho de um dos informes.

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