Feira da Reforma Agrária na Bahia é palco de discussões raciais

Os militantes denunciaram o racismo como instrumento opressor e ideológico legitimado nas relações do sistema capitalista

Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia

Além de apresentar à sociedade soteropolitana uma diversidade de alimentos saudáveis produzidos nos assentamentos e acampamentos do MST, a 2º Feira Estadual da Reforma Agrária foi palco, na tarde da última sexta-feira (12), de um grande ato político de luta e resistência contra o racismo.

A  atividade contou com a militância da Convergência Negra – um conjunto de organizações do Movimento Negro -, que ao som do tambor e da unidade construída em torno da luta contra o presidente interino e golpista Michel Temer (PMDB) ocuparam a Praça da Piedade com os punhos esquerdos erguidos e reverenciando os orixás.

Os militantes denunciaram o racismo como instrumento opressor e ideológico legitimado nas relações do sistema capitalista. Os trabalhadores também pautaram a Reforma Agrária Popular como instrumento de luta para construção de uma sociedade diferente.

Marcos Rezende, do Coletivo de Entidades Negras (CEN), disse que o MST está dando continuidade a uma luta que começou há 218 anos atrás com a Revolta de Búzios e tantos outros mártires.

Para ele: “a lei de 1950  privou os negros de adquirir terra, pois esse direito foi passado aos ‘bem nascidos’ e a Reforma Agrária, desde então foi inviabilizada, por isso, estamos em luta contra essa violência”, explicou.

Já Gilberto Leal da Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen), acredita que devemos continuar nossa luta contra a opressão e o coronelismo, que infelizmente existem em nossos dias.

“Hoje, as pessoas que estão no governo, através de um golpe, tornaram ilegítimo o voto de 54 milhões de brasileiros. E é contra esse governo que vamos enfrentar com nossas manifestações”, disse.

Ângela Guimarães, representante da União de Negros pela Liberdade (UNEGRO), afirmou que as manifestações vão mostrar o repúdio ao golpe que aconteceu à nação brasileira e que a 2º Feira da Reforma Agrária é um ato poderoso de denúncia ao sequestro que à democracia.

A Praça da Piedade ficou pequena. Muitos jovens ocuparam o espaço com irreverência e ousadia a partir de músicas populares construídas nas lutas do Movimento Negro e dizendo “Fora Temer”.

Para a direção do MST, a Feira é um espaço plural, de unidade e luta, por isso é importante mobilizar, denunciar e ao mesmo tempo, provocar a sociedade a refletir sobre o atual cenário político brasileiro. Para isso os atos unitários.

Foto: Dandara, representante do CONEN

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