Indígenas do Baixo Tapajós reivindicavam por melhorias na saúde dos povos. Órgão informou que vai fazer cadastros dos indígenas no sistema de saúde.
Do G1 Santarém
Representantes da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) do Ministério da Saúde em Brasília vieram a Santarém nesta quarta-feira (17) ouvir as demandas dos indígenas do Baixo Tapajós que estão acampados na sede do órgão no município há uma semana para reivindicar melhorias no atendimento a saúde dos povos.
De acordo com a representante da Sesai, Vera Lopes, o órgão adotou um plano emergencial para atender as reivindicações dos indígenas. “Nós viemos com nossa equipe técnica que vai estar ajudando na organização de um cadastramento, para inserirmos essas pessoas no sistema de informação da saúde indígena. Essa foi uma das questões que foram colocadas, a geração de um cartão para todas as pessoas das comunidades tenham esse acesso, e além disso, a gente deve iniciar a estruturação de um atendimento aqui. A gente tem uma longa discussão pela frente e vamos partir dos pontos que forma determinados pelo juiz”, ressaltou.
Segundo o Conselho de Lideranças Indígena do Tapajós Arapiuns (Cita), o atendimento do pedido representa uma vitória, pois a luta por um atendimento diferenciado na saúde dos povos já dura quase duas décadas. “A gente sempre viu uma grande resistência de fazer inclusão dos indígenas do Baixo Tapajós nesse atendimento de saúde (…). Ocupar foi a forma que vemos de alcançar o avanço dessas demandas. A proposta inicial era levar 15 lideranças a Brasília, mas como houve resistência pedimos que eles viessem até aqui”, explicou a integrante do Cita, Luana Kumaruara.
Ocupação
A ocupação do prédio da Sesai começou no dia 9 de agosto. Indígenas de 13 etnias da região do Baixo Tapajós, entre elas, Munduruku Cara Preta, Apiaká, Arapiuns, Borari e Tapajós entraram no prédio e protestaram por melhorias na saúde dos povos e agilidade no cadastros no sistema de saúde.
Durante o ato, o líder indígena Poró Borari chegou a ser preso pela Polícia Federal sob acusação de estar impedindo a saída e entrada de servidores da Sesai, o que seria crime de cárcere privado.
Após ser levado para a Delegacia da PF para prestar esclarecimento, Poró participou no dia seguinte de uma audiência de custódia na qual a Justiça concedeu liberdade provisória. A audiência foi acompanhada pelo Ministério Público Federal que informou que a prisão ocorreu de forma ilegal.
O indígena vai responder ao processo em liberdade. Como medida cautelar, Poró Borari terá que frequentar a justiça a cada quatro meses.
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Imagem: Planejamento do cadastramento vai ser feito na tarde desta quarta-feira (Foto: G1)