Ela tem quase 2 bilhões de habitantes e é comandada com mão de ferro por um ditador com hábitos excêntricos. Devora horas da vida de seus residentes sem oferecer quase nada em troca. Aliás, quem vive sob seus domínios produz conteúdo de graça para que o ditador possa levar uma vida nababesca, com bilhões de dólares em sua conta bancária. A livre expressão não é um valor absoluto, como em qualquer ditadura. Tudo depende dos humores de Mark, o déspota
Por Tiago Cordeiro, especial para a Gazeta do Povo
Imagine ser habitante de um país superpopuloso, de quase 2 bilhões de habitantes. Todo mundo vive em bolhas, em contato apenas com quem pensa igualzinho, compra as mesmas coisas, nos mesmos lugares, e faz questão de ofender todo o resto que pensa um pouquinho diferente. Nesta terra, não existe democracia: um ditador de hábitos excêntricos controla tudo o que pode ser publicado, mesmo que seja mentira – acontece que notícias falsas circulam com tamanha naturalidade que acabam até sendo mais lidas e comentadas do que as verdadeiras. A imprensa depende da empresa do ditador. A publicidade também. Não é viável abrir uma loja sem participar do universo virtual que ele criou. E mais: é mais fácil ser violento, fazer apologia da justiça com as próprias mãos e divulgar teorias da conspiração sem pé nem cabeça do que simplesmente viver de maneira pacífica e sensata.