Fogo se alastra na Terra Indígena de Aracruz há dois dias

Por Fernanda Couzemenco, no Século Diário

Um incêndio iniciado há cerca de dois dias numa área de turfa localizada entre as aldeias de Caieiras Velha, Boa Esperança e Três Palmeiras, em Aracruz (norte do Estado) continua se alastrando em direção à mata. Lideranças Guarani e Tupiniquim contam que, apesar de vários chamados, o Corpo de Bombeiro afirma não ser possível controlar o fogo, por estar em área de turfa.

“Já ligamos várias vezes, vemos o carro dos Bombeiros passando pela região, mas ninguém foi ainda ao local do incêndio. Um bombeiro chegou a dizer que eles só podem ir lá depois que um cacique for em Santa Cruz autorizar a entrada dos bombeiros nas aldeias”, relata Mayno Cunha da Silva, educador indígena em Três Palmeiras.

Foram os moradores de Três Palmeiras e Boa Esperança os primeiros a perceberem a fumaça, há dois dias. Nesta sexta-feira, ela já é avistada por toda a Terra Indígena e para além dela, nos bairros de Santa Cruz e Balsa.

“A fuligem já está entrando em nossas casas e causando problemas respiratórios, principalmente nas crianças”, alerta o educador, lamentando ainda a notícia de que cinco estudantes de Três Palmeiras faltaram as aulas desta sexta-feira para tentar apagar o fogo, voluntariamente. “É perigoso pra eles, foram movidos pelo desespero. Nosso usufruto a gente tira da mata”, ressalta.

Vilson Benedito, o Jaguareté, chefe da coordenação técnica local da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Aracruz e liderança indígena em Caieiras Velha, conta que lhe chegaram denúncias de que caçadores costumam atear foto perto dos brejos para encurralar capivaras e pacas. “Pode ter sido essa a causa do incêndio”, avalia. Técnicos da Funai estão indo a campo checar as informações.

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