As sementes da discórdia

Por Maria Fernanda Arruda, Correio do Brasil

Desde o surgimento da burguesia e do trabalho em função do capital após a primeira máquina a vapor, toda a produção teve de ser medida entre o lado da propriedade de meios e o trabalho. Isso registrado por Marx não é de sua criação, mas deu o esclarecimento fundamental sobre a força: única força do trabalhador, isto é, de sua união.

Para haver contraposição aos abusos do capital, os trabalhadores dispõem somente dessa alternativa – união e greve. O capital tem de sentar e negociar quando o trabalho impõe por esse meio o entendimento que deve equilibrar as relações de mercado. Se os trabalhadores forem servis e manipuláveis a uma mídia infame, ou disserem amém à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), estarão se suicidando.

Vitória de Pirro

Todos sabemos que esse golpe se fez em reação à política de erguimento social empreendida por Luiz Inácio Lula da Silva. Essa guerra que ora enterra a CLT é  desproporcional. Ela vinga mais do que o tempo que o país teve crescimento e paz social sob sua vigência.

A CLT não é, e nem pode ser, acoimada de fora de época ou ligada a qualquer ideologia. Ela foi acrescida de cada emenda em razão de se positivar situação que a exigisse. Tudo dentro das regras legais e democráticas. Por que ora vem um capacho norte-americano guindado pelo golpe a desestabilizar nosso ambiente social?

É claro que aos ‘patrões’ cada minuto obtido a custa de seus escravos, é lucro.

Estes também sofrem de uma miopia que se chama imediatismo. Não vêem que a proletarização ou escravismo minará o mercado almejado aos seus produtos. Mas, contentando-se com ganhos financeiros em cima da legislação e de seus servidores, acham-se em vitória (de Pirro…).

Auto respeito

Os sindicatos pecaram pela ociosidade. Gozaram de paz reinante. Há muito deixaram de ter eficácia na proteção de seus filiados. É provável que tenham até negociado e ganhado peitas para a mansidão que ora se observa. Mas cabe a cada trabalhador, por si ou por sua descendência, conscientizar-se de que o funil para obtenção de salários condignos está passando às mãos dos detentores do capital.

Pode-se dizer que foi essa posse o móvel do golpe desferido contra Dilma, que seguia o ‘status quo” iniciado por Lula. Contudo, estas considerações já se fazem com atraso, já que o ataque foi como o de Pearl Harbor. Surpreendeu a classe trabalhadora sem defesa organizada. Nenhuma!

Venceram os patrões por seu infame ataque de oportunidade, mas declararam a guerra! Cabe a cada um dos prejudicados reunir seus meios, batalhar pela união desejável e partir para a luta. Se os empresários e mais provocaram a discórdia social nessa leviana ação do bandido alçado à Presidência, resta-nos a reação: que espelhe nossa dignidade, vergonha e sangue de quem tem brio e auto respeito!

Se não nos movimentarmos teremos de suportara condição de vermes qual fomos colocados! Como teria dito um general (é duvidoso mas eloquente) quem for brasileiro e digno, siga e ingresse nessa luta!

*Maria Fernanda Arruda é escritora e colunista do Correio do Brasil.

Enviado para Combate Racismo Ambiental por José Carlos.

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