A bancada ruralista promoveu retrocessos que colocam em risco o futuro da Amazônia, ao mesmo tempo que o eco-liberalismo ocupa um espaço negligenciado pela esquerda.
Por Marcelo Brito, Voyager
Resumo: os governos mais devastadores para a Amazônia são aqueles apoiados pelas forças políticas mais retrógradas do Brasil, ou seja, o regime militar e o governo Temer. Porém, apesar de alguns acertos, o histórico dos governos Lula e Dilma na Amazônica também não foi muito bom. Isto pode ser visto na construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, na tramitação do Código Florestal e na lei da terra legal. Isto em parte se explica pela composição do Congresso, em que a bancada ruralista é muito numerosa, e também no presidencialismo de coalizão. Mas isto não explica tudo. Existe uma invisibilidade da Amazônia para o Centro-Sul do Brasil, o que inclui até mesmo a esquerda política e acadêmica do Centro-Sul do Brasil. Mesmo que muitos movimentos sociais da Amazônia, nascidos durante a redemocratização do Brasil, tenham forte ligação com organizações de esquerda. Quem acaba ganhando grande visibilidade como “defensor da preservação da Amazônia” é um eco-liberalismo de grandes empresas com “responsabilidade sócio-ambiental”, grandes grupos de mídia e ONGs. A esquerda precisa recuperar o protagonismo na defesa da Amazônia, para evitar a cisão da luta pela justiça ambiental com a luta pela justiça social, e para evitar a cisão na luta pela defesa dos povos oprimidos das diferentes regiões do Brasil. (mais…)