Na Itatiaia
Amor! Esse foi o sentimento do Ivan ao ver dezenas de moradores, amigos, familiares na porta de sua casa, no Bairro Sevilha, em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, durante uma manifestação pacífica em repúdio ao ato de racismo sofrido por ele nessa semana.
Um pouco menos abalado, ele concedeu entrevista à Itatiaia e falou sobre os ataques racistas. “Um sentimento de medo mesmo, de impotência por não poder fazer nada. Eu não sei quem é que está fazendo isso (pichações), então o sentimento é esse, de impotência”, relatou Ivan, que agradeceu o apoio recebido. “Com todo o pessoal apoiando e tudo a gente fica um pouco mais tranquilo né, mais confortável”, acrescentou.
O muro do imóvel onde o homem mora foi pichado com expressões racistas como “senzala, escravos à venda”, “negros imundos” e “voltem para África”. O presidente da comissão de igualdade racial da OAB-MG, Gilberto Silva, esteve no local e disse que o crime também o tocou profundamente. O caso está sob investigação.
“Não se trata de uma injúria racial, mas de um ato racista. E os dizeres que foram pichados na casa tratam de uma coletividade, onde ofende toda uma etnia, um grupo étnico. Deve, sim, ter apuração, com inquérito policial e, posteriormente, o Ministério Público fazer a denúncia como racismo e procurar quem são os agressores”, afirmou Gilberto Silva.
O muro cinza pichado com ódio agora está colorido de esperança. A grafiteira e tatuadora Bárbara, conhecida como ‘BA’, fez uma nova pintura no local de forma voluntária. “Esse absurdo que foi feito aqui na casa do Ivan, acho que o mínimo que eu posso estar fazendo é pintando e trazendo um pouco de alegria para a família”, disse.
Ao final da manifestação moradores se revezaram em discursos de repúdio ao crime e fizeram uma oração.
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Foto: Rafael Nonato /Itatiaia
