Grupo Guarani é preso no Paraná por retirar taquara de ilha da UHE Itaipu

Chamado pelos Guarani de Tekoha Mokoi Joegua, a ilha retomada era uma aldeia habitada por diversas famílias Guarani, expulsas pela Itaipu Binacional, em 1982

Por Cimi Sul/Equipe Paraná – Projeto de extensão Memória Indígena e Ações Pedagógicas em Região de Fronteira/Unila

Nesta quarta-feira, 14 de março de 2018, por volta das 17h, um grupo de Guarani, ao regressar de uma incursão numa ilha formada pelo lago da Hidrelétrica de Itaipu, foi abordado e preso pela Polícia Ambiental do estado do Paraná e enviado para o cárcere da Polícia Federal, na cidade de Foz do Iguaçu. O crime cometido, segundo a Polícia Ambiental, está relacionado ao Art.38 da Lei 9.605: “destruir ou danificar vegetação primária ou secundária, em estágio avançado ou médio de regeneração…”.

Dentre os presos está o cacique Cláudio Vogado, líder da comunidade, além de mais quatro Guarani

O crime, segundo as informações preliminares, teria sido o corte de uma taquara, ou seja, o “bambu nativo”, comum para a confecção de artesanatos e construção de moradias. A ação ocorreu sobre um patrimônio privado, já que a área visitada pelos Guarani pertence oficialmente à Itaipu Binacional, mas retomada pela comunidade Guarani em janeiro de 2017, depois de 35 anos de expulsão.

Chamado pelos Guarani de Tekoha Mokoi Joegua, a hoje retomada era uma aldeia habitada por diversas famílias Guarani, expulsas pela Itaipu Binacional, em 1982, quando fechou as comportas da maior represa do mundo.

Os Guarani nunca foram indenizados e sequer ouvidos pelo Estado

A área está em litígio. Em 2017, a Justiça Federal de Foz Iguaçu concedeu dois anos de prazo para que a Funai regularize a terra.

Imagem: Indígenas Guarani às margens do Lago de Itaipu, em Santa Helena. Foto: Paulo Porto.

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