“A Monsanto agora se chama Bayer”, diz ONG alemã após fusão milionária

Ativistas pedem mudanças radicais na empresa, comprada pela gigante alemã e acusada de vender produtos que afetam a saúde humana e o meio ambiente

por Radio France Internationale, na Carta Capital

A Bayer, gigante alemã dos setores farmacêutico e agroquímico, anunciou nesta segunda-feira 4 que suprimirá a marca Monsanto depois de adquirir, por 63 bilhões de dólares, a empresa norte-americana de sementes e pesticidas.

“A Bayer continuará sendo o nome da empresa. A marca Monsanto não será mantida”, afirmou um comunicado divulgado nesta segunda-feira pelo grupo alemão, que deseja concluir a fusão na quinta-feira 7.

A nova empresa conservará a linha de produtos da Monsanto, onde consta o Roundup, um dos herbicidas mais usados no mundo, apesar de classificado como “cancerígeno” por alguns estudos recentes, mas deixará de usar o nome da marca que foi objeto, durante décadas, dos protestos dos ativistas do meio ambiente.

Liam Condon, diretor da divisão agroquímica da Bayer, afirmou que os funcionários do grupo norte-americano “estão orgulhosos de seus produtos”. Também destacou que há alguns anos a Monsanto pensou em mudar de nome, mas desistiu por questões de custo.

A Bayer vai manter o nome de marcas muito conhecidas entre seus clientes agricultores como Dekalb (sementes de milho e colza), Seminis (sementes hortícolas) ou De Ruiter (sementes hortícolas).

A Monsanto foi objeto de vários processos por questões de saúde ou de efeitos nocivos para o meio ambiente atribuídos a seus produtos.

Bayer quer reforçar setor agroquímico

Ao mesmo tempo, a compra da Monsanto por 63 bilhões de dólares, um valor sem precedentes para um grupo alemão na aquisição de uma empresa estrangeira, é um momento histórico para a Bayer, cujo objetivo é reforçar consideravelmente sua divisão agroquímica, a segunda em importância no grupo, atrás apenas da farmacêutica.

Para financiar a operação, a Bayer anunciou no domingo uma ampliação de capital de 6 bilhões de euros e uma dívida de mais de 30 bilhões de dólares, o que nesta segunda-feira 4 levou a agência de classificação financeira Standard and Poor’s a reduzir sua nota de crédito a longo prazo de “A-” a “BBB”.

O anúncio da fusão, em maio de 2016, foi o resultado da aposta da Bayer em uma agricultura cada vez mais intensiva, em um planeta que terá mais de 9 bilhões de habitantes em 2050, mas que não possui terras cultiváveis suficientes para alimentar a todos. A Monsanto, empresa fundada em 1901 pelo químico John Francis Queeny, se concentrou a partir dos anos 1990 na química agrícola e se especializou nos produtos fitossanitários e sementes.

As agências que regulamentam a concorrência nos Estados Unidos e na Europa autorizaram a operação, mas obrigaram a Bayer a vender parte de suas atividades à rival alemã BASF. Após a fusão, a divisão agroquímica da Bayer terá um faturamento de quase 20 bilhões de euros, valor que leva em consideração a venda de atividades para a BASF, que representam quase 2 bilhões de euros.

A nova empresa vai superar as concorrentes do setor que concretizaram fusões recentemente: ChemChina, que se uniu à suíça Syngenta, e Dow com DuPont, duas empresas norte-americanas. “Para nós, a Monsanto agora se chama Bayer”, afirmou a associação ecologista Bund, enquanto o Greenpeace pediu “uma mudança fundamental da política comercial da nova megaempresa”.

“Vamos ouvir os que nos criticam e vamos trabalhar juntos, mas o progresso não deve ser detido pelo fortalecimento das frentes ideológicas”, declarou Werner Baumann, presidente da Bayer.

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