A intolerância religiosa no Brasil, com violações de terreiros, humilhações e agressões a praticantes de cultos afro-brasileiros, vai ser discutida nesta quinta-feira (28), em uma audiência pública da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM). O encontro acontece a partir das 14 horas, no plenário 9, em Brasília
por Pedro Calvi, em CDHM
A deputada Erika Kokay (PT/DF) pediu a realização do debate. “Com essa audiência pública, queremos pensar políticas públicas nas áreas de saúde, segurança alimentar, emprego e renda, e de enfrentamento à intolerância religiosa, além de fortalecer uma organização dos povos tradicionais de matriz africana e seus terreiros em redes. Existem boas experiências em vários terreiros e que devem ser compartilhadas”, esclarece Érika.
Para Erika Kokay, as políticas públicas “são ações concretas de combate à discriminação ao povo negro e aos terreiros, e contribuem para romper a invisibilidade, resgatar a identidade, respeitar território e reconhecer o direito de manifestar religiosidade e cultuar o sagrado da forma que escolher”.
No Distrito Federal
Em maio deste ano foi apresentado um mapeamento inédito para dar visibilidade dos terreiros do Distrito Federal. O levantamento, foi feito pelo projeto Geoafro, que é uma parceria da Universidade de Brasília (UnB) com a Fundação Cultural Palmares.
Na capital do Brasil, a pesquisa catalogou todos os territórios de práticas de religiosidade de matriz africana. São 230 sítios espalhados por terras brasilienses. A maioria deles estão em regiões afastadas do Plano Piloto, como Ceilândia, que tem 43 registros, e Planaltina, com 25.
A iniciativa deve ser aplicada também no Amapá.
História
Os terreiros de religiões dos povos tradicionais de matriz africana foram proibidos em diferentes momentos da história brasileira. Além do frequente preconceito. No passado, os terreiros se instalavam em áreas rurais. Porém, com a urbanização o cenário mudou. Hoje, de acordo com a Fundação Cultural palmares, 87,8% dos sítios estão nas cidades. A maioria deles é de umbanda, de matriz afro-brasileira, com 57,8%. Logo depois, vem o candomblé, de matriz africana com 33,5%. Apenas 8,9% são de umbanda e candomblé conjuntamente.
Audiência pública
Devem participar da audiência pública representantes do Fórum de Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos Tradicionais de Matriz Africana, da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (Refafro), da Federação de Umbanda e Candomblé de Brasília e Entorno e da Rede Brasil Afroempreendedor (Reafro).
“A audiência pública é um espaço para ideias e soluções, além de trazer para o Congresso elementos importantes sobre o tema. Para buscar uma cultura de paz e de respeito”, pondera o deputado Luiz Couto (PT/PB), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias.
–
Arte: iquilibrio.com