Aspirante a vice de Bolsonaro, Janaína Paschoal teme invasão de Putin. Por Leonardo Sakamoto

No blog do Sakamoto

Cotada para ser candidata à vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro, a professora de Direito da USP Janaína Paschoal já defendeu a tese de que a Rússia pode atacar o Brasil através da Venezuela.

Não, a declaração não é “fake news” com o intuito de criar problemas para a campanha do capitão reformado do Exército.

“Com a construção de uma base militar russa, na Venezuela, uma posição firme do Brasil já não é só questão humanitária, mas de defesa. Putin tem pouco mais de 60 anos, pode ser idoso, pela lei brasileira. Para fins políticos, é um adolescente. Imperialista, ninguém nega. Com uma base militar na Venezuela, Putin está a um passo de atacar o Brasil. Estão rindo? Estou falando sério. Bem típico: fazer a pessoa passar por burra, para que ela se cale. Mas comigo não!”, postou ela, no Twitter, em 25 de outubro de 2016.

Especialistas em relações internacionais, entre liberais e realistas, conservadores e progressistas, consultados pelo blog sobre a hipótese de ataque russo ao Brasil, via Venezuela, riram.

Na época, tratei disso neste blog como algo pitoresco. O problema é quando o pitoresco corre o risco de se tornar o novo normal.

Essa é apenas mais uma de um longo rosário de polêmicas da co-autora do pedido de impeachment de Dilma Rousseff, seja em sua profícua conta no Twitter, seja na vida acadêmica. 

Recentemente, ao ficar em último lugar no concurso interno para titular do Departamento de Direito Penal, Medicina Forense e Criminologia da Universidade de São Paulo, Janaína acusou o primeiro colocado de plágio e atacou a banca e o processo. Salomão Shecaira, chefe do departamento, resolveu processa-la por difamação em novembro do ano passado por conta disso.

A beleza de não vivermos mais na ditadura militar é que qualquer projeto político e ideológico pode ser apresentado, votado e eleito de forma democrática. Inclusive aqueles que abraçam  análises delirantes e praticam intolerância. E que o direito à liberdade de expressão permite que ninguém sofra censura prévia. Contudo, somos responsáveis legais, morais e sociais pelo que dizemos e podemos ser questionados por isso.

Particularmente, gostaria de assistir a um debate em que a professora fosse questionada sobre os planos de Putin para a conquista do Brasil.

Triste é que, lendo a repercussão da sua declaração na época, muitos foram os que não acharam estranho, apenas absorveram. Ou simplesmente não se importaram e passaram adiante. Pois um ”ataque estrangeiro” se encaixa em sua visão de mundo e em suas crenças. Vai que eles estão atrás de nióbio…

Tendo em vista nossa tradição de transformar vices em presidentes, podemos ter problemas futuros com os russos. Ainda bem que a Copa já acabou.

 

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