O ato de poder plantar seu alimento, ajudar nos mutirões, trocar seu alimento por algum tipo de ajuda, traz autoestima e autonomia à vida das pessoas!
Por Comunicação do MST/ES
Para Página do MST
Entre os dias 13, 14 e 15 de Setembro a capital capixaba recebeu a 3º Feira da Reforma Agrária do Espírito Santo. As agricultoras e agricultores vindos de todas as regiões do estado trouxeram para a Grande Vitória os resultados da Reforma Agrária Popular, com sua produção in natura e agro industrializada com o sabor marcante das lutas camponesas.
Como parte da programação desta 3º edição foi realizada a visita a Horta Comunitária “Quintal na Cidade” para a Oficina sobre Agroecologia, Hortas comunitárias e Revolução, junto com o Coletivo Casa Verde e o Setor de Produção, Cooperação e Meio Ambiente do MST.
No espaço coletivo da Horta “Quintal na Cidade” foi possível perceber os princípios da solidariedade, do trabalho coletivo e do cuidado com o que é público.
Para Eduarda Bimbato, representante do projeto o povo tem em mente que os cuidados da rua, calçada e demais locais são de responsabilidade apenas do poder público, mas ressalta “se a rua é pública, a rua é nossa, e vamos ocupa-la com o trabalho coletivo”.
“Não vamos deixar de plantar se a prefeitura não apoiar, esperamos que ela forneça um apoio, mas isso não impede a realização” afirma Eduarda.
A horta comunitária é uma espécie de combate ao modo de vida que é considerado normal na cidade, o ato de poder plantar seu alimento, ajudar nos mutirões, trocar seu alimento por algum tipo de ajuda e não por um valor comercial, traz auto estima e autonomia à vida das pessoas, além de atuar como prática terapêutica em meio ao caos que é a vida na cidade.
Para o integrante do Setor de Produção, Cooperação e Meio Ambiente do MST, Adelso Lima, experiências como essas são importantíssimas, pois retratam a história cultural das pessoas. “As famílias que migraram do campo para cidade levam não apenas o que é material, mas também seus costumes, valores e conhecimentos, a horta comunitária é a materialização de tudo disso”, afirma.
Projeto
Criada em 2016, a horta comunitária se estende por 55m de cultivo com diversas plantas, desde hortaliças a plantas medicinais.
O projeto da horta conta com reuniões, que são realizadas para discutir a necessidade de cada família na distribuição dos alimentos, exercendo um diálogo que compartilha informações além do alimento produzido pelas mãos das pessoas que contribuem.
O projeto auxilia no diálogo da cidade com o campo, trazendo elementos da cultura camponesa para os trabalhadores da cidade. Para Rita de Souza, educadora do MST esse aspecto é central. “Isso que nós estamos vendo aqui é uma coisa que está no cotidiano da vida no campo, aqui se coloca como uma forma de combate ao poder”.
É necessário compreender o potencial das periferias para realizar essas atividades, e apoiar isso, em grande parte das periferias da cidade, os moradores já iniciam isso individualmente em cada lote, porém, no coletivo a sociedade se transforma em um todo, contando com ajuda dos adultos, incluindo idosos e crianças de diversas idades.
A horta recebe vistas de vários estudantes, desde a educação infantil ao ensino superior, além das famílias atendidas pelo Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) e diversas organizações.
*Editado por Solange Engelmann
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Foto: Oficina Horta Comunitária “Quintal na Cidade”.