Manchetômetro Facebook – 7 a 13 de outubro, 2018

Por Natasha Bachini e João Feres Jr., no Manchetômetro

Na semana posterior ao primeiro turno das eleições deste ano, as 155 páginas que monitoramos publicaram 9.245 posts, que geraram 16.833.076 compartilhamentos. As páginas que mais postaram no período foram as de mídia: Estadão (454 posts), UOL (444 posts) e O Globo (440 posts).

Tabela 1: 20 posts mais compartilhados da semana (7/10/2018 a 13/10/2018)

Os 20 posts da nossa tabela (AQUI) concentram 12% do volume total de compartilhamentos alcançado pelas 155 páginas ao longo do período. O recurso mais usado nesses posts foi a foto (50%), seguida do vídeo (35%) e do texto (15%).

Oitenta e cinco por cento dos posts listados pertence às páginas da nova direita, sendo que metade deles é assinada por Jair Bolsonaro (PSL). A única página de esquerda elencada é a de Fernando Haddad (PT), que estreiando no ranking, responde pelo restante das colocações.

Em suas três publicações, Haddad agradeceu os votos recebidos no primeiro turno, apresentou-se como o candidato da esperança, dos direitos, da geração de emprego, e da luta pela igualdade social, e desafiou Bolsonaro a participar dos debates e contar para a população brasileira o que fez ao longo de seus 28 anos de vida pública.

Já o candidato do PSL investiu em se defender das críticas tecidas por Fernando Haddad. Suas principais estratégias foram as transmissões ao vivo, todos os dias, às 20h, e o uso de material do PT com um carimbo onde se lê “fake news”.

Em seus posts, Bolsonaro afirmou que não pretende abolir direitos trabalhistas, sobretudo o 13º salário e a licença-maternidade, nem acabar com a estabilidade dos servidores públicos; nem fechar universidades públicas ou cobrar impostos daqueles que ganham menos de R$5 mil, atribuindo ao PT a disseminação de mentiras. Outras pautas defendidas pelo candidato foram a segurança jurídica para os proprietários de terra, a privatização de, pelo menos, 50 estatais e a manutenção da criminalização das drogas.

Bolsonaro acusou inúmeras vezes Haddad de ser o criador do “kit gay”1, e afirmou que o PT tenta “enganar o eleitor” pela mudança de cores de sua campanha, “desunir o Brasil”, “destruir a família e a religião”, “ameaçar a liberdade de imprensa e a democracia”, “tirar poder do Judiciário e Ministério Público” e “soltar criminosos”. O candidato ainda afirmou que “valorizar o sindicato é estimular o desemprego no brasil” e que “vai acabar com o ativismo no Brasil”.

Participaram de suas lives, o economista Paulo Guedes e Luiz Philippe de Orleans e Bragança. Esse último afirmou que vários especialistas por ele consultados disseram ter “confiança zero” nas urnas eletrônicas, e que o programa do PT assusta o mercado financeiro. O “princípe” ainda afirmou que Bolsonaro realmente não tem condições de comparecer ao debate.

Respaldou a ausência de Bolsonaro nos debates também o deputado Kim Kataguiri (DEM). Nos dois posts que conseguiu emplacar no ranking dessa semana, o deputado alegou que Bolsonaro “mal tem forças para andar”, e que se dispõe a debater com Haddad em seu lugar.

O candidato ao governo do Estado de São Paulo, João Dória (PSDB), também declarou apoio a Bolsonaro por meio da #BolsoDoria.

O Movimento Brasil Livre seguiu criticando os políticos do PT não eleitos (Dilma, Lindbergh, Suplicy e Pimentel) afirmando que “a velha política acabou”, sugerindo que estes agora serão investigados por Moro, e endossou a desconfiança sobre as urnas eletrônicas com o vídeo de uma eleitora que supostamente não teria conseguido votar 17.

Por fim, tivemos ainda no ranking um post de João Amoêdo (Novo) comemorando e agradecendo a votação recebida por seu partido.

Em suma, essa semana foi marcada pela mudança nas estratégia das campanhas no Facebook. A página do candidato do PT obteve seu melhor desempenho no debate político durante o período, o que se refletiu no índice de compartilhamentos registrado por seus posts, e forçou as páginas de Bolsonaro e da nova direita a uma postura mais reativa do que de costume, respondendo às críticas levantadas pela campanha de Haddad. Veremos como se configurará a disputa na rede ao longo da próxima semana diante da grave denúncia contra a campanha de Bolsonaro acerca do uso de caixa 2 e financiamento por empresas para a difusão de fake news2.

1 O Kit Gay foi reconhecido pelo Tribunal Superior Eleitoral como fake news. Disponível em: <https://congressoemfoco.uol.com.br/eleicoes/tse-diz-que-kit-gay-nao-existiu-e-proibe-bolsonaro-de-disseminar-noticia-falsa/>.

2 https://exame.abril.com.br/brasil/pt-quer-investigacao-da-campanha-de-bolsonaro-por-praticas-ilicitas/

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