MST se manifesta sobre consequências do governo Bolsonaro

Os Sem Terra denunciam a violência contra os direitos sociais, exigem justiça para Marielle e repudiam o clima de terror instalado no país contra a luta popular e os defensores e defensoras dos direitos humanos

Por Página do MST

Em nota pública, o MST avalia o primeiro mês do governo Bolsonaro e chama atenção para o clima de violência e terror, adotado como política de Estado no Brasil, que autoriza as forças conservadores a adotar posturas criminosas contra vários grupos sociais mais vulneráveis, como “as mulheres, a juventude negra, os indígenas, quilombolas e os LGBTs” e os próprios trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra.

O MST continuará “lutando contra a privatização da Previdência e por direitos sociais historicamente conquistados. Seguimos na luta e a serviço do povo, de ter casa, terra, alimentação e direitos. Ninguém vai ser torturado com vontade de lutar! Com as bandeiras nas ruas, ninguém pode nos calar!”, resume trecho da nota.

Veja nota completa:

Sangue, milícia, corrupção e perseguição marcam o início do governo Bolsonaro

Os dias corridos e acelerados deste mês trazem as primeiras e duras consequências da formação de um governo eleito com base em mentiras, manipulações e um discurso de ódio, que possui como base o racismo, machismo e a LGBTfóbia.

Esse projeto já fez suas primeiras vítimas, como as mulheres que sofrem historicamente com a violência e que deve ser agravada pela liberação indiscriminada da posse de armas. Somente em 2019, já temos 107 casos de feminicídio.

O clima de violência também estende-se aos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, com o anúncio de medidas privatizantes e entreguistas, subordinadas aos interesses do capital, principalmente dos EUA. Por isso, O MST vai seguir lutando contra a privatização da Previdência e por direitos sociais historicamente conquistados.

O povo brasileiro está estarrecido diante dos fatos públicos que indicam a relação do presidente eleito, Jair Bolsonaro e seu clã familiar, com milicianos e o que há de pior e mais baixo na política, já que os principais suspeitos do assassinato de Marielle Franco foram homenageados pelo senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). Além disso, há fortes indícios da participação de sua família e milicianos no assassinato da vereadora e de Anderson Gomes, em março do ano passado, trazendo um novo cenário para a luta política no país.

Temos o direito de saber quem assassinou Marielle e quais foram as motivações dos envolvidos, principalmente dos mandantes deste grave crime político, com grande repercussão internacional. O presidente Jair Bolsonaro deve explicações imediatas.

Continuaremos nos mobilizando e exigindo justiça para Marielle e tantos outros lutadores sociais, perseguidos e assassinados. Reafirmamos que lutar e se organizar não é crime.

Ainda nesse sentido, o MST repudia o clima de terror instalado no país contra a luta popular e os defensores e defensoras dos direitos humanos. Esse terrorismo de Estado libera e autoriza a atuação de forças conservadoras criminosas, que só servem para aumentar o clima de insegurança e violência, que atinge principalmente as mulheres, a juventude negra, os indígenas, quilombolas e os LGBTs.

Expressamos nossa indignação com as ameaças sofridas por Jean Wyllys, deputado federal legitimamente eleito pelo voto popular, que foi obrigado a renunciar para se manter vivo. Que o exílio de Jean Wyllys seja denúncia e ferramenta de luta para derrotarmos as forças neofascistas e ultraliberais que tanto ameaçam a democracia brasileira.

Seguimos na luta e a serviço do povo, de ter casa, terra, alimentação e direitos. Ninguém vai ser torturado com vontade de lutar! Com as bandeiras nas ruas, ninguém pode nos calar!

Janeiro de 2019

COORDENAÇÃO NACIONAL DO MST

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