Cimi Regional Sul repudia ataque contra retomada Guarani Mbya de Terra de Areia

Homens não identificados se apresentaram como policiais e disseram que receberam denúncia de invasão; a área, porém, é pública

Cimi

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Regional Sul vem a público para informar com preocupação um acontecimento grave ocorrido contra a retomada Mbya Guarani de Terra de Areia, localizada no município de mesmo nome, no Rio Grande do Sul. 

O cacique da retomada denunciou que na noite deste sábado para domingo, 14 de setembro de 2019, homens armados com pistolas e fuzis invadiram a comunidade, ameaçaram a todos e todas  mandando que abandonem a área. Após as ameaças, invadiram as casas e reviraram tudo. 

Eles se apresentaram como policiais e disseram que receberam uma denúncia de que os indígenas invadiram a área. O mais curioso é que não havia identificação de que eram efetivamente policiais e não portavam mandado judicial para justificar a abordagem. Tão curioso quanto isso foi o fato de os Mbya terem retomado uma área que é  pública, do estado do Rio Grande do Sul, e as autoridades têm plena ciência da ocupação, pois esta ocorreu há quase dois anos. 

Não se emitiu, nem de forma expressa ou tácita, em todo esse período de retomada, nenhuma manifestação contrária aos Mbya Guarani. Ao que parece, esta é uma ação planejada para intimidar a comunidade. Parece, ao nosso entender, tratar-se de milicianos que prestam serviço aos opositores dos direitos indígenas no Brasil, tendo em vista impor, pela força bruta, ações contra as lutas pela terra. 

Faz parte, portanto, de uma articulação nacional, pois fatos semelhantes foram denunciados em outras regiões do Brasil. Os Mbya irão ao Ministério Público Federal (MPF) denunciar essa ação criminosa e exigir uma investigação para apurar a invasão à área, aos domicílios, as ameaças aos indígenas e pedir investigação para identificar os responsáveis diretos e seus mandantes.

Cimi Regional Sul

Porto Alegre, 15 de setembro de 2019 

A retomada de Terra de Areia é acompanhada pelo MPF, Cimi e Poder Público. O povo nunca havia sido importunado. Crédito da foto: Roberto Liebgott/Cimi

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