Quilombola recebe ameaça de morte no agreste de Pernambuco

Na CPT NE2

Um dos principais líderes quilombolas de Pernambuco e presidente da associação da comunidade quilombola de Castainho, no agreste do estado, José Carlos Lopes, 63, sofreu nova ameaça de morte em decorrência de sua atuação frente à associação da comunidade e à luta em defesa de seu território. A ameaça ocorreu no último domingo, dia 15/09/19, quando testemunhas receberam o recado de que iriam tirar a vida do quilombola, havendo inclusive comprado toucas ninjas para executar a ação.

 O quilombola já registrou Boletim de Ocorrência na delegacia de Garanhuns e espera que investigações sejam realizadas e medidas emergenciais sejam tomadas com o intuito de impedir novas situações de violência. Já há vários anos, José Carlos Lopes vem sendo vítima de ameaças de mortes, que a despeito de serem proferidas por diferentes atores, ocorrem todas em decorrência de sua atuação, enquanto presidente da associação, em defesa do território quilombola de Castainho.

 O quilombola vive sob a proteção do Programa de Proteção a Defensores de Direitos Humanos do estado há aproximadamente cinco anos.  Por orientação do Programa, em 2014, José Carlos precisou se afastar por cerca de três meses da comunidade onde nasceu e se criou, devido às fortes ameaças de morte que vinha sofrendo.

 Comunidade Quilombola de Castainho: Uma história a contar

A Comunidade Quilombola de Castainho há décadas tornou-se um exemplo de luta pela efetivação dos direitos e pela demarcação dos territórios quilombolas no estado e no país. O quilombo ficou nacionalmente conhecido por ser a primeira comunidade pernambucana a receber o título da Fundação Palmares, em maio de 1997, após vários anos de luta das famílias. Castainho, juntamente com a comunidade de Conceição das Crioulas, também foi a primeira a passar pelo processo de demarcação territorial no estado. O exemplo da luta de Castainho repercutiu e inspirou outras comunidades do entorno a lutarem pelo reconhecimento da identidade quilombola e pela demarcação de seus territórios.

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