Dom Limacêdo, Bispo das Pastorais Sociais, recebe pescadora que sofreu tortura e ameaça de morte

 CPT NE2

O Bispo das Pastorais Sociais, Dom Limacêdo Antonio da Silva, recebeu na manhã de hoje, 20/03, na Cúria da Arquidiocese de Olinda e Recife, a pescadora Maria Nasareth dos Santos, 47. O Bispo prestou solidariedade à mulher que denunciou ter sido torturada e ameaçada de morte por policiais militares no último dia 12 de março no estuário do Rio Sirinhaém, no Litoral Sul de Pernambuco. Dom Limacêdo expressou indignação e preocupação e convocou imediatamente a Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Olinda e Recife para acompanhar o caso. A pescadora é conhecida na região por ser defensora do manguezal e do meio ambiente e por lutar há mais de 15 anos pela criação de uma Reserva Extrativista na área, da qual dependem milhares de pescadores e pescadoras do município.

Relator de tortura: Segundo a mulher, eram 6h30 do dia 12/03 quando duas viaturas da Polícia Militar chegaram ao local onde ela costuma pescar, no estuário do Rio Sirinhaém. De dentro dos veículos, desceram oito policiais fortemente armados, sendo três encapuzados. Ao se aproximar para saber do que se tratava, a pescadora, que estava sozinha na ocasião, conta que foi arrastada pelos homens para dentro de sua barraca de pesca. Foi então que o horror começou. Sem saber o porquê, a mulher relata que os policiais a torturaram, amarrando suas mãos para trás, tapando sua boca com um pedaço de pano e sufocando-a com uma sacola plástica. 

Nasareth lembra que foram cinco sufocamentos, com intervalos de alguns minutos entre um e outro. Ainda de acordo com a pescadora, todos os policiais estavam de luvas, e, enquanto uns praticavam a tortura, outros reviravam a barraca. “Nunca passei por isso na minha vida. Com essa idade, e estar passando por isso… eu só pedia socorro a Deus, só pedia misericórdia. Eu só quero Justiça, não aguento tanta violência. Fizeram o mal comigo e vou denunciar para que isso não aconteça com mais ninguém. Eles podem matar a carne, mas meu espírito não”, denuncia a pescadora.

A pescadora, com o apoio da Comissão Pastoral da Terra (CPT), já denunciou o crime ao Governo do Estado de Pernambuco, por meio de sua Secretaria de Justiça e Direitos Humanos e do Programa Estadual de Proteção a Defensores e Defensoras de Direitos Humanos (PEPDDH/PE), e da Secretaria de Defesa Social (SDS). A denúncia também foi feita para Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM). A CPT exige que sejam implementadas, em caráter emergencial, todas as medidas necessárias para preservar a vida da pescadora. Também requer que o Governo inicie imediatamente as investigações do caso, identificando as motivações do crime e punindo os criminosos. 

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