“Nossa comunidade é formada por famílias de gente trabalhadora e honesta que vive da pesca, da produção de artesanatos, de pequenos comércios, da agricultura. Somos uma comunidade tradicional e para exercer nosso modo de vida precisamos ter acesso ao mar, à praia, aos manguezais, às matas, às lagoas, e a um pedaço de terra para nossa moradia e dos nossos filhos. Precisamos do nosso território garantido e preservado, como determina a Lei.
No entanto, nosso modo de vida e nosso território têm sido desrespeitados com a proliferação de loteamentos, condomínios e fazendas. Todos os dias são lançados novos megaempreendimentos que destroem nossas árvores, poluem nossas águas, e cercam nossas áreas de pesca, de convívio e de lazer. Recentemente, tentaram cercar até mesmo a lagoa que abastece nossa comunidade para implantar mais um condomínio, o que foi impedido graças à nossa organização coletiva.
Garapuá está se tornando um grande condomínio fechado voltado para pessoas de alta renda que vêm de fora da localidade. As famílias de nativos/as não encontram mais espaço parar morar, pois o aluguel ou a compra de uma casa em Garapuá é um privilégio que nós estamos impedidos de acessar. Nos últimos tempos nossa situação de vulnerabilidade se ampliou ainda mais em razão do crime de derramamento do petróleo e das medidas necessárias de isolamento social diante do COVID-19. Situações que afetam diretamente nossas condições de sobrevivência.
Diante disto, restou à comunidade utilizar uma área do nosso território para garantir o direito à moradia digna e ao sustento. São cerca de 80 famílias que não podem mais pagar os altos alugueis e “morar de favor” em casa de parentes. Famílias que necessitam de um pedaço de terra para construir suas casas e plantar alimentos para sua sobrevivência.
Trata-se de uma área que sempre foi de uso tradicional de toda a comunidade e que agora está sendo utilizada para uma necessidade urgente de moradia e sobrevivência. Uma área em que os/as que estão se dizendo proprietários/as nunca exerceram qualquer relação de posse e que querem transformar em mais um condomínio ou resort voltado apenas ao lucro de pessoas de fora da comunidade. Segundo eles, esse desrespeito aos direitos da nossa comunidade contaria com o apoio e investimento até mesmo da dupla sertaneja Chitãozinho e Xororó.
Como forma de amedrontar a comunidade os ditos proprietários enviaram seguranças privados, armados, para nos tirar à força de nosso território. Fizeram também uma queixa na delegacia de Cairu visando criminalizar nossa comunidade. Não bastasse isso, um dos seguranças fez uma clara ameaça à comunidade, conforme áudio que será disponibilizado para as autoridades. O áudio é de uma conversa do segurança, por telefone, com um dos ditos proprietário, no qual ele informa que falou o seguinte com um policial:
“no dia eu vou fazer questão de estar lá, lá na delegacia, para dar logo um ‘tapão’ no pé da orelha de um, por que aqui a gente não pode fazer nada. Aqui se for fazer a gente vai ter que matar logo todo mundo”[…] “Tá todo mundo fichado já, vou mandar as filmagens para o senhor.”*
A transformação da área em espaço social de moradia foi uma decisão coletiva tomada por quase todas as famílias de nativos/as de Garapuá e que está sendo feita de forma organizada e preservando o meio ambiente. *Uma ação que visa também reivindicar que a Prefeitura cumpra com seu dever de garantir nosso direito à moradia e à vida!*
Diferente do que vem sendo dito por estes poderosos não somos baderneiros, criminosos ou “nativos ignorantes” (como chegou a dizer um megaempresário). Somos famílias que não aguentam mais tantas injustiças e que, exatamente por não sermos ignorantes, estamos de forma legítima e organizada lutando por nossos direitos mais básicos e para que Garapuá tenha um desenvolvimento mais justo e sustentável, protagonizado por aqueles que verdadeiramente amam esse lugar.”
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Enviada para Combate Racismo Ambiental por Maria José.
Imagem: Reprodução CPP
Propriedade privada nas ilhas costeiras e o neossenhorio da união https://s.migalhas.com.br/S/57B3E5
Infelizmente essa situação se estalou em todo território brasileiro, agora virou moda atacar nossos território tirando de nossas comunidades tradicional o direito de viver com o mínimo de dignidade em nossos saterritórios pedimos urgentemente socorro pois sem nossos territórios não existiremos pois comunidade tradicional e tudo que envolve nossos territórios estão ligados em um vínculo muito forte atacando um atinge o outro . Território pesqueiro livre jaaaaa…
Essa realidade em Guarapua, e um na triste realidade de todo território ribeirinhas , indígenas ..
Os governantes estão vendendo e loteando o Brasil ,
Temos que sim lutar pelos nossos direitos , já tem alguma petição ? Para que possamos assinar ?? E contribuí de alguma maneira?
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Tinha mais de 25 anos que não ia a garapua
Estive no fim de ano passado. Minhas lembranças de infância do local estavam apagadas . Muitas barracas na frente do mar . Na questão da água a fonte no meio do povoado onde tomávamos banho de balde lacrada a linda e maravilhosa Lagoa onde até jacaré existia decepicionte ainda existia aquela praia maravilhosa que ao longo dos meus 61 anos não tenho notícia de afogamento . Não tive a oportunidade de ver o Recife do Norte tive no do Sul onde tem dois bares e as pessoas pleiteiam os coraes fiquei muito triste .
Todas as praias onde o Turismo chega traz a ilusão ao povo local de que aquilo é bom
A princípio o dinheiro chega e as pessoas se iludem não diferente .
Morro
Gamboa
Guaibim e etc
Suas populações são empurradas para trás e a princípio a comunidade não sente
Depois as consequência chegam .
País fumeiro safado ninguém cuida de ninguém . Só quando são acionados como no caso dessa Materia.
Minha lembrança de infância e juventude foi embora não deveria ter voltado la .
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Os moradores devem continuar unidos pois esse é o único jeito de se conseguir conquistar algo.
E é uma vergonha, falta de respeito com a comunidades de Garapua, se os moradores não tomarem iniciativa quando menos pensar garapua ja será apenas dos turistas e empresários.
Garapua É Dos Nativos.
Os Terrenos Pertencem Aos Moradores Conterrâneos.
Será Que A Prefeitura Não Vai Tomar Nenhuma Atitude Em Favor Do Povo Garapuense???
Acordemmmmm.