Pandemia COVID19: Carta das lideranças indígenas Kaxinawá ao Ministério Público Federal

Por Lindomar Padilha, em seu blog

Publicamos a Carta de lideranças indígenas Kaxinawá para o MPF solicitar providências junto a FUNAI, SESAI, SESACRE e outros parceiros sobre os casos de COVID19 na terra indígena Alto Rio Purus e Zona urbana do Município de Santa Rosa do Purus em indígenas.

No momento em que mais se precisa da SESAI, os povos indígenas se perguntam: CADÊ A ATENÇÃO À SAÚDE?

Acrescento que o Cimi – Conselho Indigenista Missionário, Regional Amazônia Ocidental, também encaminhou documento ao Ministério Público Federal – MPF; Defensoria Pública da União – DPU; Ministério Público Estadual – MPAC; Defensoria Pública Estadual – DPE; Secretaria de Estado da Saúde do Acre – SESACRE; Secretaria Especial de Saúde Indígena-SESAI e Fundação Nacional do Índio – FUNAI, onde endossa a carta dos indígenas, lamenta que a situação tenha chegado a este ponto e siga piorando ao tempo em que lembra as diversas denúncias feitas por desassistência à saúde indígena.

O momento é grave e não é hora de se fazer políticas menores, jogando notadamente com a imprensa local.

Eis a Carta:

Nós lideranças Hunikui (Kaxinawá), Organização dos Povos Indígenas Hunikui do Alto Rio Purus – OPIHARP e Associação de Produtores Kaxinawá da Aldeia Nova Fronteira-APKANF, através da Federação Estadual dos Povos Hunikui do Acre- FEPHAC, entidade jurídica sem fins lucrativos que representa todos os interesses do povo acima mencionado, solicitamos providencias imediatas junto a FUNAI/CR-Alto Purus, SESAI/DSEI-Alto Purus, SESACRE e outros parceiros, sobre o surto descontrolado de uma doença denominada COVID-19 que neste momento acomete a população indígena da terra indígena do Alto Rio Purus no município de Santa Rosa do Purus Estado do Acre, onde só este mês já são 10 casos confirmados de COVID-19 em indígenas do povo Hunikui e 02 óbitos em idosos que testaram negativos para COVID- 19, sendo um do povo Hunikui e outro do povo Jaminawa, onde os sinais e sintomas foram parecidos com a tal doença. Sem contar que mais de cem pessoas do povo Hunikui podem está contaminados com o vírus devido a aglomeração durante a um dos velórios, onde na casa que aconteceu o tal velório, todos da família testaram positivo para COVID-19, Isso na zona urbana do município.

A situação neste momento se torna mais agravante, devido uma profissional de saúde da EMSI (Equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena), ter adentrado a TI contaminada com o vírus compondo um número de 08 profissionais de saúde, realizando atendimento básico de saúde em mais de 20 aldeias da TI totalizando mais de 300 famílias que tiveram inevitavelmente contato com a profissional contaminada com o vírus, sendo que a tal doença foi comprovada através de teste rápido na profissional mencionada. Neste exato momento às 15 horas do dia 27 do corrente mês e ano recebemos informações verídicas que na base onde se encontram instalada outra equipe da EMSI na aldeia Maronawa, um indígena do povo Kulina testa positivo para COVID-19. Estes denominados povos compõem mais 18 aldeias, sendo considerados nômades e os mais vulneráveis neste momento de pandemia. Agora já não sabemos com precisão quantos estão infectados com o vírus.

Finalizamos pedindo ao Ministério Público Federal a mediação junto aos órgãos de saúde e órgãos indigenistas para ações emergenciais de combate a propagação do vírus entre as famílias indígenas, evitando um genocídio nos Povos tradicionais da Terra Indígena do Alto Purus.

Assinam a carta:

Hulicio Moises Kaxinawa

Vice presidente da OPIHARP

Nelson Domingos Kaxinawa

Membro sócio da APKANF

Foto: Cimi

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Amyra El Khalili.

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