ClimaInfo
Um relatório da Anistia Internacional prova que a JBS comprou gado que passou por áreas protegidas, onde a criação é proibida por lei. Os três grandes frigoríficos brasileiros – JBS, Marfrig e Minerva – repetem o discurso de que só compram cabeças de fazendas não embargadas, sem desmatamento e sem violação de Direitos Humanos, e que é complicado e caro rastrear o gado desde seu nascimento.
O pessoal da Anistia mostra a criação extensiva de gado em três Áreas de Conservação localizadas em Rondônia: a Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau e duas Reservas Extrativistas (RESEX). E, por meio de Guias de Transporte, a transferência do rebanho para fazendas sem impedimentos legais das quais a JBS faz suas compras.
A partir das Guias, o trabalho mostra que o número de cabeças sendo criadas em Áreas Protegidas no estado subiu de 125.560 em novembro de 2018 para 153.566 no mês de abril de 2020. Ao longo do ano passado, quase 90 mil cabeças foram transferidas de Áreas Protegidas para fazendas legalizadas; um aumento de 35% em relação a 2018.
A partir de informações coletadas com indígenas e moradores e ex-moradores das RESEX, a Anistia denuncia a prática de ameaças e violências para remover famílias e nativos para a expansão das fazendas de gado.
O relatório traz fotos de satélites indicando o desmatamento nestas áreas no ano passado e neste ano. A Anistia declara que a JBS não esteve diretamente envolvida com ações de desmatamento ou ameaças de violência. Questionada, a empresa repetiu a desculpa de sempre.
O El País e O Globo noticiaram o relatório acrescentando que o MPF abrirá um processo.
Só para lembrar, há pouco mais de um ano, o Valor noticiava uma investigação do Repórter Brasil junto com o The Guardian sobre outra operação ilegal a fornecer gado para a JBS.