Tereza Cristina acusa “orquestração” internacional contra o agronegócio

ClimaInfo

O governo Bolsonaro segue no esforço de dissociar a alta do desmatamento e a produção do agronegócio brasileiro. Em entrevista a’O Globo, a ministra Tereza Cristina reforçou um dos argumentos mais frequentes utilizados pelo governo para minimizar as críticas internacionais – que elas teriam motivação protecionista. “Existe uma orquestração lá fora contra o Brasil. Muito disso feito por brasileiros também, não só por estrangeiros”, disse. “Existem os europeus que têm preocupação com a concorrência do produto brasileiro. Olhe o nosso país. Quem tem no mundo hoje pronto para se falar que precisa produzir mais? É o Brasil”.

Na mesma linha, Salles refutou as críticas e, em entrevista à Jovem Pan, apontou a “seletividade” da mídia em só citar as queimadas ocorridas na Amazônia. “Há preocupações ambientais legítimas, mas há um percentual de preocupações que são uma muleta para interesses comerciais e narrativas políticas”, disse Salles.

As falas de Cristina e Salles reforçam a estratégia de desqualificação das críticas e de colocá-las na conta da desinformação e da falta de comunicação – que, por sua vez, seriam resolvidas por meio de uma campanha publicitária massiva. O problema é que, como bem pontuou Míriam Leitão em seu comentário na CBN, “a propaganda que não corresponde aos fatos não funciona”.

Em tempo: A Polícia Federal realizou ontem (23/7) uma operação contra empresários e advogados suspeitos de integrar uma quadrilha especializada em grilagem de terras na Amazônia e em fraudar processos de regularização fundiária para receber indenizações da União. Como informou Leandro Prazeres n’O Globo, o esquema funcionava com o apoio de um juiz federal (morto em 2015), um perito judicial e um servidor da Justiça Federal, que facilitaram o recebimento fraudulento de mais de R$ 300 milhões em indenizações.

Ministra Tereza Cristina junto a Jair Bolsonaro no dia da posse do novo presidente
Valter Campanato / Agência Brasil

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