Mesmo com as queimadas em alta, o Ibama parece estar com um “escorpião no bolso”: até o último dia 30, apenas 19% do orçamento previsto para o ano de 2020 tinha sido efetivamente gasto pelo órgão em ações de prevenção e controle de incêndios. Dos R$ 35,5 milhões previstos para essas atividades, somente R$ 6,8 milhões foram aplicados.
Como informa O Globo, o valor é muito inferior ao registrado na série histórica: em 2016, o Ibama gastou 90,1% do total previsto pelo orçamento daquele ano em combate às queimadas em áreas federais. Nos anos seguintes, mesmo com congelamentos orçamentários, os gastos ainda foram superiores ao registrado até agora – 49,6% em 2017, 54,4% em 2018 e 85,5% em 2019. Em maio passado, o Ibama recebeu R$ 50 milhões adicionais para combater e prevenir as queimadas, a partir de recursos recuperados pela Operação Lava Jato. Desse valor, pouco mais de R$ 13 milhões foram utilizados.
O Estadão destacou a orientação dada pelo Ministério do Meio Ambiente para reduzir gastos, o que forçou o Ibama a reduzir o número de helicópteros para uso nos monitoramento e combate ao desmatamento e às queimadas na Amazônia. Atualmente, o órgão conta apenas com quatro aeronaves para auxiliar na vigilância de uma área de 5 milhões de km2. Essa decisão resultou na exoneração do chefe do Centro de Operações Aéreas do Ibama, Everton Almada Pimentel, depois dele ter encaminhado um ofício apontando para as consequências graves que essa medida poderia trazer no trabalho do Ibama.
A mesma coisa pode ser observada nos gastos do Ibama em ações de fiscalização em geral. De acordo com o Fakebook.eco, dos R$ 66 milhões previstos para esse trabalho ao longo de 2020, o órgão executou apenas R$ 13,6 milhões, o menor valor para o mesmo período dos últimos seis anos. Com menos dinheiro, a atuação de fiscalização também diminuiu, o que resultou numa queda de 52,1% nos autos de infração expedidos entre 1º de janeiro e 31 de julho deste ano.
–
Foto principal (Ditec_Ibama/AM): operação do Ibama no Amazonas, em 2015