Em Belo Horizonte, 100 famílias são despejadas em plena pandemia e período de chuvas

PM, Prefeitura de BH e secretaria do governo estadual realizaram a ação sem mandado de reintegração de posse

Wallace Oliveira, Brasil de Fato

Cerca de 100 famílias da ocupação Vila Fazendinha, na região Oeste de Belo Horizonte, foram despejadas, no último domingo (3), em uma ação da Polícia Militar, Prefeitura de Belo Horizonte e Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado de Minas Gerais. O despejo foi realizado sem mandado de reintegração de posse.

A comunidade conta que o local ficou ocioso por cerca de cinco anos, após ter sido utilizado pelo Corpo de Bombeiros. Sete famílias ocuparam o terreno no início da pandemia e promoveram uma série de melhorias, como limpeza, plantio de hortaliças para a comunidade e criação de animais para alimentação. As famílias despejadas no início desta semana haviam se juntado ao grupo no mês de dezembro.

“Exatamente pelo momento de carestia, num gesto de solidariedade, as sete famílias que estavam lá propuseram que ampliássemos. Houve, então, um longo processo de preparação, compra de lonas. Várias famílias estavam ameaçadas de despejo por conta do preço dos alugueis, pois não estão dando conta de pagar. Então, a ocupação foi um ato de sobrevivência”, afirma Tiago Miranda, integrante do Movimento de Organização de Base (MOB).

De acordo com o morador Carlos Marcos, o despejo realizado no domingo (3) começou por volta das 8h da manhã. “Estávamos trabalhando. A polícia chegou e mandou que todo mundo parasse, tirasse o que estava fazendo. Dali a pouco, chegaram várias viaturas e batalhão de choque”, relata.

Carlos afirma que as famílias despejadas não têm para onde ir e avalia as dificuldades que estão enfrentando, sem nenhum apoio do poder público. Ele também questiona o fato de se realizar um despejo em plena pandemia e em meio às chuvas do início do ano.

“Algumas pessoas estão em casas de parentes, outras embaixo de viaduto, outras morando de aluguel, mas devendo, outras morando em barraquinho improvisado. Como é que a fica em casa se não tem o lugar onde morar? Como é que a pessoa deixa os filhos em casa pra procurar emprego, catar uma latinha, fazer reciclagem ou outra coisa pra ganhar o sustento?”, questiona.

Edição: Rafaella Dotta e Camila Maciel

Imagem: Famílias da ocupação Vila Fazendinha, na região Oeste de Belo Horizonte – Créditos da foto: Reprodução

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