PFDC questiona exclusão de representantes da sociedade civil na revisão da Política Nacional de Direitos Humanos

Previsão de participação popular em outras etapas de discussão da política faz parte das indagações feitas a ministério

Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC)

O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos (MMFDH) tem o prazo de dez dias para responder perguntas relacionadas à criação de grupo de trabalho (GT) cuja finalidade é rever a Política Nacional de Direitos Humanos (PNDH). Para o procurador federal dos Direitos do Cidadão, Carlos Alberto Vilhena, não se mostra razoável o redesenho da política pública sem diálogo e interação democrática do poder público com a sociedade civil. Afirma ainda serem pertinentes alegações de violação ao princípio constitucional da publicidade.

Desde a publicação da portaria, Vilhena tem dialogado com diversos atores que atuam na defesa dos direitos humanos, inclusive a própria ministra Damares Alves, com a qual se reuniu no início do mês para tratar dos trabalhos a serem desenvolvidos pelo GT. Os questionamentos feitos, desta vez por escrito, decorrem da análise técnica de representação feita pela liderança do Partido Socialista e Liberdade (Psol).

As primeiras perguntas referem-se à exclusão de representantes da sociedade civil e de conselhos vinculados diretamente ao MMFDH do rol de integrantes do grupo de trabalho. Na decisão que resultou no envio do ofício, o PFDC destaca a existência de pertinência temática de conselhos vinculados diretamente à titular da Pasta, como o Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) e do Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos (CNEDH). Segundo a portaria, a revisão da política ocorrerá a partir da discussão entre representantes de órgãos internos do MMFDH. Vilhena questiona, em seguida, se em outras etapas de análise da política haverá efetiva participação popular, com poder de deliberação.

O PFDC indaga também sobre o prazo de nove meses para duração das atividades do GT. Devido à relevância do tema, segundo ele, a duração não se mostraria adequada, considerando inclusive o cenário da pandemia.

A última pergunta trata do sigilo do conteúdo das discussões do GT. Vilhena lembra que a Constituição da República e a Lei de Acesso à Informação preveem como regra a publicização dos atos da administração pública. Os debates e ações no âmbito desse GT não se enquadrariam em risco à segurança da sociedade e do Estado ou à intimidade e privacidade de cidadãos.

Confira a íntegra do despacho.

Arte: Secom/PGR

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